O artista plástico angolano, Zola Pires Daniel, também conhecido como Kabú, é o grande vencedor da exposição de Arte Contemporânea em celebração do Centenário de Agostinho André Mendes de Carvalho “Uanhenga Xitu”.
O anúncio foi feito nesta Quarta-feira, em Luanda, pelo fundador e CEO da Afrikanizm Art (start-up angolana de impacto social dedicada à promoção e venda online de arte contemporânea africana), João Boavida, durante a pré-abertura da referida exposição, no Memorial Dr. António Agostinho Neto (MAAN).
Kabú venceu com a obra “O Grito da Sanzala”, que narra, de forma profunda, a preocupação de Uanhenga Xitu com a situação social do povo angolano, uma preocupação que também impulsionou a luta pela independência de Angola, o que o levou a ser implicado no Processo dos 50 e, posteriormente, desterrado para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
A obra, segundo o autor, explora como a realidade social das sanzalas, musseques e cidades angolanas moldou a consciência literária de Xitu, permitindo-lhe conectar-se profundamente com o seu povo e retratar as suas experiências diárias, sem o rigor literário tradicional.
“A sua sensibilidade como enfermeiro, politólogo, político e escritor permite-nos entender a sua complexidade e a sua importância enquanto voz do povo angolano”, descreve Zola Pires Daniel, salientando que tal como os raios do sol que iluminam um caminho, Uahenga Xitu, através da sua obra e da sua luta, tornou-se uma fonte de luz que engrandece a humanidade, guiando os angolanos com o seu exemplo de resistência e dedicação ao seu povo.
Além de Kabú, Osvaldo Ferreira, autor da obra “Nas Vestes de Uanhenga Xitu”, conquistou a segunda posição, sendo que Josué Dombele, com a obra “Ideia sobre Cárcere”, acabou por estar em terceiro lugar.
Para a preparação da exposição e homenagem a Uanhenga Xitu, a organização convidou e desafiou os artistas angolanos a candidatarem as suas obras, durante o mês de Agosto, tendo sido submetidas 47 obras, de 34 artistas. Destas, 26 foram seleccionadas para a exposição de pré-inauguração.
Segundo o CEO da Afrikanizm Art, João Boavida, as obras seleccionadas para esta exposição destacam-se pela sua diversidade de abordagens, técnicas e estilos, e reflectem o impacto profundo de Uanhenga Xitu nas artes na sociedade angolana.
“De forma criativa e contemporânea, os artistas apresentam interpretações únicas da vida e obra de Uanhenga Xitu, ligando as suas narrativas literárias aos desafios do presente, revelando a relevância contínua do seu legado”, refere João.