A empresária angolana, que tem um mandado de captura internacional para localização e extradição emitido pela Interpol a 03 de Novembro, diz-se alvo de “perseguição política” e acusa o Procurador-Geral da República angolano de “receber ordens do presidente João Lourenço”, em entrevista à CNN Portugal.
Isabel dos Santos usa o termo lawfare – uma forma de guerra na qual o direito é usado como arma para justificar as acusações de que é alvo em Angola: “Usa-se a lei para combater um opositor económico ou político”, afirmou, realçando que, “não se quer ter concorrência na política em Angola”, e colocando-se no papel de opositora política de João Lourenço.
“Não tenho dúvidas de que de uma forma ou outra vou contribuir para o futuro político do meu país”, garante, sublinhando os grandes desafios do país, como questões sociais e de natalidade”.
“Acredito que os partidos políticos no poder e na oposição não estão a olhar para estas questões. Não há visão, não há um plano”, diz, acrescentando que ambiciona “um país diferente.”
Entretanto, e no que toca a Portugal, diz que a relação com o país foi sempre “através dos investimentos privados”, que nunca houve pedidos específicos por parte do governo português para “investir em Portugal”.
De recordar que o Procurador-Geral da República de Angola anunciou esta segunda-feira (28) que o processo contra Isabel dos Santos vai avançar, mesmo que a empresária não preste declarações no âmbito do mandado de detenção internacional pedido pelas autoridades de Angola.
A empresária angolana acrescenta ainda que, em relação à Sonangol, “o que eu quero hoje é o reconhecimento pela parte da PGR e do Estado de que esta história de contar que não houve consultores e que não foram pagos, não é verdadeira. E o que é muito aborrecido é que é esta história que usam para depois emitir ou mandatos, ou manobras restritivas, ou inclusive fazer arrestos”, afirma.
Quanto ao Luanda Leaks, diz que “foi uma construção de João Lourenço” e que tem provas do que afirma. “Quem lê 715 mil documentos? É impossível. E até hoje ninguém os viu. Vimos 140 e a maior parte são completamente inócuos”, remata.