Em meio à pandemia, o nível médio de facturação das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME’s) passou de 182,6 milhões de kwanzas no mês de Junho para 209,6 milhões de kwanzas em Julho, representando um crescimento de 14,8%, justificado pelo abrandamento das medidas de confinamento e uma maior procura derivada pela maior mobilidade das pessoas, segundo indica o resultado de um inquérito realizado pelo Banco Nacional de Angola (BNA) publicado no seu website.
O resultado da pesquisa, que visa aferir o impacto da Covid-19 nas MPME’s e que considerou informações avançadas por 673 das 704 empresas inqueridas nas 18 províncias do país, referem que o maior crescimento foi observado nos sectores de actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas (54,5%), actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares (44,3%) e alojamento e restauração (27,6%), enquanto o sector da educação registou a maior queda na ordem dos 90,8% comparativamente ao mês anterior.
Apesar do crescimento médio verificado na facturação das empresas, o órgão regulador do mercado bancário considera “preocupante” a instabilidade das mesmas, visto que 79% das empresas inqueridas reportaram estarem a enfrentar problemas financeiros de vária ordem, entre os quais, a falta de liquidez (25,7%), a ausência de clientes (15,6%), salários em atraso (11,4%) e incumprimento de pagamentos aos fornecedores (8,2%).
Por outro lado, avançam os mentores da pesquisa, a percentagem de empresas que consideraram ter uma situação financeira estável, cresceu 2,4 p.p. para 14,7% comparativamente a Junho. Neste capítulo, destacaram-se as empresas do sector da saúde humana e acção social (38,1%), bem como da electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (30%).
No período em análise, indica o inquérito que já vai na sua quarta edição, cerca de 63,4% das empresas ouvidas mantiveram-se parcialmente em funcionamento, 21,1% encontravam-se temporariamente encerradas, e 14,6% funcionaram como no período que antecedeu a pandemia. Por sua vez, apenas 0,9% das empresas declararam terem encerrado definitivamente as suas actividades.
A maior proporção de empresas encerradas temporariamente, avança, concentrou-se na classe das micro e pequenas empresas (23,1%). Entre os sectores de actividade, a proporção de empresas forçadas temporariamente à inoperância foi maior no sector da educação e actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas (ambas com 50,0%), actividades administrativas e dos serviços de apoio (40,0%), transportes e armazenagem (28,6%) e alojamento e restauração (27,1%). Por esta razão, o banco central recomenda que seja prestada uma atenção especial, não só ao sector da educação, como também aos de actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas, pois, sustenta, apresentaram um desempenho crítico, com repercussões imediatas ao conjunto de famílias que sobrevivem por meio dos mesmos.
Das 673 empresas consideradas no inquérito, 292 foram micro, 276 pequenas e 105 médias. Relativamente a sectorização o destaque recais para o comércio (24,7%), seguido da agricultura e pesca (12,5%), indústrias transformadoras (11,4%), outras actividades de serviços (11,1%) e actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares com 8,3%.