O candidato presidencial Venâncio Mondlane anunciou neste Domingo o regresso a Moçambique em 09 de Janeiro, mais de dois meses depois de deixar o país, alegando que “não precisam de o perseguir mais”.
“Estão a matar os meus irmãos, estão a sequestrar os meus irmãos”, disse Venâncio Mondlane num directo, na sua conta na rede social Facebook, para apresentar a fase de contestação pós-eleitoral que denominou de “Ponta de lança”.
“Se quiserem-me assassinar, assassinem. Se quiserem prender-me, prendam. Sei que na minha queda a fúria popular que se vai verificar em Moçambique não tem comparação na história de África e de Moçambique”, disse.
Venâncio Mondlane, que está fora de Moçambique, alegando questões de segurança, desde 21 de Outubro, quando foram desencadeadas as manifestações pós-eleições de 09 de Outubro, anunciou que regressa a Maputo, através do aeroporto internacional de Maputo.
“O papel que eu tinha de desempenhar fora de Moçambique, para que as manifestações, os protestos, pudessem ser organizados e avançarem, organizaram-se e avançaram. Não estive fora de Moçambique por medo, se estão a matar os nossos irmãos, se estão a destruir lojas dos nossos irmãos, estão a queimar bombas de combustíveis, estão a destruir armazéns, estão a queimar fábricas, alegando que são manifestantes quando não são, para criar ódio entre os irmãos, então se é por mim, se é por causa do Venâncio, então o Venâncio estará quinta-feira, às 08:00, no aeroporto internacional de Mavalane (…) isso é ‘Ponta de lança”, afirmou.
“Então eu, Venâncio, virei pelos ares”, disse ainda, apelando à população para o receber no aeroporto de Maputo, incluindo o Presidente da República e o Procurador-Geral da República.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou o dia 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente da República, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da FRELIMO, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de Outubro.
Este anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.
O Tribunal Supremo, segundo a Lusa, já afirmou, anteriormente, que não há qualquer mandado de captura emitido para Venâncio Mondlane, mas o Ministério Público abriu processos contra o candidato presidencial, enquanto autor moral das manifestações, só em Maputo cidade e Maputo província, de mais de dois milhões de euros, alegando os prejuízos no setor público.