O Governo angolano colocou entre as suas prioridades o combate a fome e a pobreza. O relatório sobre o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) do país, divulgado em 2020, revelou que a incidência da pobreza a nível nacional é de 54%. Dito de outra forma, mais de 5 em cada 10 pessoas em Angola são multidimensionalmente pobres.
O mesmo documento mostra que a taxa de incidência da pobreza multidimensional na área rural é de 87,8%, mais que o dobro da que se regista na zona urbana, que é de 35%.
Um ano depois de Angola ter apresentado, pela primeira vez, uma medição de pobreza baseada em privações assentes em quatro dimensões essenciais [saúde, educação, qualidade de vida e emprego], tornando-se no primeiro país de África a calcular o referido índice, 22 técnicos e especialistas do Instituto Nacional de Estatística (INE) aprenderam, via online, como desenhar um IPM, computar e analisar os dados, usando o método Alkire-Foster, num evento promovido na Inglaterra.
A formação, intensiva, sobre a elaboração do IPM, segundo um comunicado enviado à FORBES, foi promovida recentemente pela Iniciativa pela Pobreza e Desenvolvimento Humano da Universidade de Oxford (OPHI, sigla em inglês), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola.
O IPM, explica o documento, analisa a pobreza além das medições monetárias e de riqueza e foca-se nas várias privações sobrepostas que as pessoas vivem diariamente. “Por exemplo, avalia a proporção de pessoas pobres por região e a intensidade dessa pobreza, ou seja, quão realmente pobres são as pessoas pobres”, lê-se na nota.
Para além dos rendimentos, acrescenta, algumas das questões “são se as pessoas estão bem nutridas, se têm acesso a água limpa, se frequentam a escola ou se têm registo civil”. Este tipo de dados, diz o PNUD, revelam-se essenciais para a tomada de decisões, no momento de definir as políticas públicas pela redução da pobreza, tanto a nível nacional, como local.
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento refere que a pandemia da Covid-19 veio pôr em perigo, a nível global, o desenvolvimento dos últimos anos, em mais do que um indicador, e que Angola não deverá ser excepção. O Índice de Pobreza Multidimensional Global, lançado em Julho de 2020, revela que o quadro mundial sobre a pobreza pode ser dividido no “antes” e “durante” a pandemia.
No cumunicado que vimos a citar, o PNUD diz acreditar que, com está formação, o INE e o Governo de Angola recebem uma “óptima” ferramenta para medir, de tempos em tempos, os progressos alcançados, bem como desenhar, priorizar e adaptar as medidas contra a pobreza.