A Unitel, maior operadora de telefonia móvel do país, pondera parar de investir no desenvolvimento de infra-estruturas em Angola, se a partilha das mesmas passar a ser “altamente desvantajosa”, em termos económicos, para a empresa.
O facto foi avançado pelo seu director-geral, Miguel Geraldes, quando questionado pela FORBES sobre a forma que a Unitel defende a partilha de rede com novas operadoras, durante um workshop dirigido a jornalistas, com o tema “os desafios das telecomunicações – Visão 5G”, organizado nesta Terça-feira pela operadora.
“Pelo enorme investimento que a Unitel fez e tem vindo a fazer no desenvolvimento da infra-estrutura em Angola, é necessário que a partilha seja feita de forma justa e que não seja altamente desvantajosa em termos económicos para a empresa. Se assim acontecer, a Unitel irá travar o investimento no desenvolvimento da infra-estrutura”, referiu.
Em acréscimo o gestor reforçou que a empresa não pode continuar a investir, como tem feito até ao momento, e depois partilhar a infra-estrutura de uma forma que não se consiga obter o retorno desejado.
Miguel Geraldes lembra que existem países onde o processo por obrigação de partilha de infra-estruturas e a preços muito baixo estão com os processos afins estagnados, porque o operador que investe considera que não pode continuar a fazê-lo muito para depois ser obrigado a partilhar para com os outros e a preços que depois não são justos para o investidor.
“A infraestrutura carece anualmente de reinvestimento. Todos os anos nós temos de investir e é fundamental que haja aqui algum equilíbrio”, reclama.
Em Fevereiro deste ano, Miguel Geraldes havia revelado, também em entrevista exclusiva à FORBES, aquando do acto de apresentação do relatório de responsabilidade corporativa da empresa, que a Unitel investiu 5 mil milhões de dólares nas infra-estrutura, e defendia a justeza nos preços da partilha de rede para que se compensasse o investimento feito.
No workshop soube-se ainda que a Unitel cobre actualmente com a sua rede 164 municípios e 518 comunas, além de possuir também mais de 800 acordos de roaming internacional (voz, dados e camel) com 191 países.
Sem revelar o valor de investimento, a operadora prevê para breve a implementação do 5G em Angola, que considera ser “um grande avanço” no sector das telecomunicações no país.
José Mavungo, director de operações e supervisão da empresa, perspectiva que as aplicações para o uso do 5G irão transformar o paradigma de todos os sectores económicos e a sociedade em geral.
O 5G, de acordo com o responsável, vai trazer para o mercado angolano vantagens como uma internet móvel mais rápida, maior conectividade em todo tipo de dispositivo e concentração por km2, redução de custos com conceito de network e o baixo consumo de energia, o que torna o 5G mais ecológico, dando mais tempo de conservação da carga de bateria dos smartphones.