Na 79.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, destacou a necessidade de uma reforma financeira internacional, sublinhando a urgência de implementar mudanças na governação económica global para torná-la mais justa e inclusiva .
Embaló alertou que “centenas de milhões de pessoas continuam a viver em extrema pobreza” e frisou a importância da luta contra a exclusão social, enfatizando o financiamento de programas de desenvolvimento como um passo crucial.
O líder guineense também abordou a representatividade africana nas Nações Unidas, defendendo uma reforma do Conselho de Segurança que leve em consideração os interesses do continente. “Oito décadas depois da fundação da ONU, vivemos num contexto mundial totalmente diferente”, afirmou, reiterando que “reformar a arquitetura financeira internacional é fundamental para promover uma maior inclusão de África”.
Durante o discurso, o Presidente apresentou os avanços das “políticas públicas acertadas” inovadoras no país. Apesar das dificuldades económicas, Embaló garantiu que a economia guineense continua a crescer, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a estimar um crescimento de 5% para 2024, embora anunciasse que as perspetivas económicas permanecem sustentadas a riscos significativos.
O chefe de Estado sublinhou a adoção de medidas mais difíceis, mas permitidas, para intervenção no setor privado, destacando a maior participação de mulheres e jovens empreendedores, além do investimento em infraestruturas. Embaló reafirmou o seu compromisso com a reconciliação nacional, a afirmação da democracia e o Estado de direito.
Desde que chegou ao poder em 2020, o Presidente dissolveu o Parlamento em dezembro de 2023, uma decisão que gerou controvérsia, pois muitos argumentaram que a Constituição não permite tal ação antes de completados 12 meses de mandato. “Declarámos a guerra à corrupção e ao crime organizado”, afirmou, salientando a restauração da confiança nas relações com instituições financeiras internacionais.
Por fim, Embaló reiterou a posição da Guiné-Bissau na promoção da paz e resolução de conflitos, tanto em África como no mundo, e fez um apelo para o fim do embargo imposto a Cuba, que tem afetado o povo cubano há décadas.