Rosário Luz estreou-se no mundo literário pela Editora Rosa de Porcelana com “Uma Biografia de Luta”, obra biográfica autorizada que conta a história de Manecas Santos, nascido em Cabo Verde em 1936, comandante e antigo combatente da Liberdade da Pátria de Amílcar Cabral, que se assume também como guineense.
O acto de lançamento do livro teve lugar a 06 do mês em curso, no Grémio literário de Lisboa, Portugal, tendo sido apresentado pelo escritor e jornalista Tony Tcheka, que, na ocasião, fez uma abordagem sobre a trajectória do comandante Manecas, durante e após a guerrilha. Fê-lo em português, mas não deixando de fora o crioulo da Guiné e de Cabo Verde, em alusão à dupla nacionalidade do personagem.
Na sua apresentação, Tcheka considerou o testemunho do comandante Manecas, através da obra literária, de elevado valor. “Esta obra oferece ao leitor o entendimento do que se passa hoje na Guiné-Bissau, onde falhamos, porquê é que estamos a falhar e o porquê está a acontecer ao Estado da Guiné-Bissau”, frisou.
O livro, com 159 páginas, da autoria de Rosário Luz, sobrinha do personagem, retrata a participação do comandante Manecas Santos nos ideais de Amílcar Cabral pela liberdade de ambos os povos [guineense e cabo-verdiano] do colonialismo português.
Na sua intervenção, Rosário, por sinal sobrinha de Manecas Santos, partilhou com os presentes que a política e a luta de libertação sempre fizeram parte do dia-a-dia da sua família e afirmou que a história de Cabo-Verde e da Guiné-Bissau são fundamentais na sua vida. “Um país que não conhece a sua história, é um país sem memória”, enfatizou.
A sala do Grémio literário de Lisboa esteve composta por gente disposta a beber das memórias dos arquivos ainda vivos, que deixaram a sua marca na história de duas pátrias.
Já Manecas Santos fez questão de agradecer os presentes de várias nacionalidades que acorreram aos acto de lançamento e manifestaram vontade de ouvir a história de vida de um homem de 82 anos. “Mesmo com menos força física o meu cérebro continua sempre em busca de soluções para a Guiné e Cabo verde. Aminha obra é um simples contributo para os mais novos conhecerem e compreenderem um pouco mais da nossa história”, indicou.
Entre os presentes, destaque para José Maria Neves, Presidente da República de Cabo Verde, que interpelado pela imprensa nas comemorações do centenário de Amílcar Cabral, que se assinalou este ano, felicitou a iniciativa da biografia. José Mria Neves defendeu que “todos aqueles que estiveram presentes na linha da frente do combate deveriam escrever e deixar a sua visão para que a pluralidade sirva de reflexões”.
Com 16 anos, Manecas Santos, fez os seus estudos secundários na ilha de São Vicente, de seguida rumou para Lisboa para fazer Engenharia Mecânica, ciclo académico que foi interrompido sucessivamente, sempre que a pátria o solicitava. O comandante chegou a ter por sua conta 3 mil soldados guerrilheiros.