Em Angola, os turistas internos são responsáveis por 70% do movimento turístico que se verifica no país, de acordo com os dados avançados pelo consultor, Eduardo Moraes Sarmento, durante um Webinar sobre o Impacto da Covid-19 nas Infra-estruturas Turísticas de Angola em termos de Higiene e Segurança”, promovido esta semana pelo Ministério da Economia e Planeamento.
A nível da região, segundo o especialista, Angola perde apenas para países como Moçambique, que apresenta uma taxa de 77%, e para a vizinha Namíbia, com 75%. O país, acrescenta, tem uma taxa de crescimento anual de 10,5% para o segmento internacional, sendo a mais alta que de países como a África do Sul, Botswana, Moçambique, Namíbia, Tanzânia, Quénia, Marrocos e Egipto.
Contrariamente ao que acontece na região, em que o lazer representa cerca de 70% do turismo, em Angola o turismo de negócios é o predominante, com um peso de cerca de 60%. De igual modo, diferente da tendência do continente africano, o turismo internacional em Angola tem se retraído, quer em termos de turistas estrangeiros, quer em termos de receitas.
Dada as condições que o país tem para o desenvolvimento do turismo, Eduardo Sarmento recomenda, entre várias acções, a melhoria das infra-estruturas, criação de parques de campismo, bem como manter a estratégia do turismo doméstico, “que tem sido o balão de oxigénio para os empresários”, que deve ser complementada com o mercado internacional.
Por outro lado, realçou a necessidade de se criar campos de futebol, ténis, golf, resorts, cinemas e parques aquáticos, na região de Cabo Ledo, por forma a se continuar a dinamizar o turismo naquela região. Outra condição necessária, indica, é a garantia da oferta da rede digital, em todas as províncias, para reduzir os problemas actuais de acesso à internet.
A par disso, acrescentou, Angola deve continuar a criar campanhas internacionais que mostrem que não é um destino inseguro, bem como fomentar a capacidade nacional, através de uma maior oferta de produtos agrícolas, e desenvolver locais de vendas certificados para o artesanato, uma vez que o país é rico nesses domínios.
“Angola dispõe de um conjunto de recursos e de produtos turísticos bastante diversificados e complementares que, caso sejam devidamente aproveitados, permitem antecipar novas conquistas em termos do potencial do turismo”, sublinhou.
O também professor catedrático de economia e turismo e autor de vários livros e artigos científicos internacionais sobre a temática, é de opinião de se deve aproveitar o potencial turístico nacional como uma alavanca para se atingir novos patamares de desenvolvimento inter-sectorial e, por esta via, criar mais empregos.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), sobre o impacto da pandemia da Covid-19 no turismo internacional, apontam para uma quebra da actividade turística de cerca de 45%, em 2020, advertindo que, caso a recuperação apenas inicie após o mês de Setembro, se poderá estar perante um cenário de queda na ordem dos 70%.