O fluxo de turistas nos hotéis moçambicanos aumentou 21,7% no terceiro trimestre de 2024, registando mais de 130 mil hóspedes até setembro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). No mesmo período, os transportes aéreos de passageiros cresceram 15,5%, enquanto o transporte de carga aumentou 6,0%, reflectindo um sector em recuperação.
No entanto, este cenário positivo contrasta com os prejuízos registados no trimestre último devido a manifestações violentas pós-eleitorais. Empresários do setor estimam perdas de 500 milhões de meticais (7,5 milhões de euros) devido ao cancelamento de reservas em plena época alta do turismo, afetando principalmente Maputo, onde alguns estabelecimentos encerraram temporariamente.
Muhammad Abdullah, responsável pela Hotelaria, Restauração e Turismo na Confederação das Associações Económicas (CTA), alertou para as consequências das manifestações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em protesto contra os resultados das eleições gerais de outubro, que deram a vitória ao candidato da Frelimo , Daniel Chapo.
“Este é o nosso maior medo, a repercussão que estas imagens que estão a ser espalhadas pela comunicação social internacional irão criar, prejudicando a imagem do turismo no país”, afirmou Abdullah, defendendo a aposta em marketing digital para mitigar os danos à internacional. de Moçambique.
Governo garante segurança
Apesar da instabilidade, o Governo moçambicano garantiu que os principais destinos turísticos permanecem seguros. “Os destinos turísticos populares, incluindo parques, reservas nacionais e praias, continuam inalterados e abertos a atividades normais”, garantiu a ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, apelando à confiança dos turistas durante a quadra festiva.
No entanto, os impactos das manifestações têm sido severos. Segundo a Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 130 pessoas morreram e 385 foram baleadas desde o início dos protestos em 21 de outubro.
Segundo a Lusa, a CTA apelou ao diálogo político para evitar uma escalada da crise. “Tudo o que podemos fazer é sensibilizar os actores políticos. Recuperar a confiança dos turistas será um desafio árduo”, concluiu Muhammad Abdullah.
A proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional, prevista para 23 de dezembro, será determinante para a estabilidade do país, com o candidato Venâncio Mondlane alertando que poderá definir se Moçambique “avança para a paz ou para o caos”.