O jovem são-tomense Mário Lopes e os angolanos Fernanda Renée Samuel e Mateus Esteita integram a Lista Most Influential People of African Descent (MIPAD) 2021 | 100 Under 40, apresentada recentemente em Nova Iorque.
O anúncio foi feito num comunicado da MIPAD – organização da sociedade civil junto da ONU, durante a cerimónia de entronização dos laureados, ocorrida a 03 do corrente, logo após a abertura da 76ª Assembleia Geral daquele importante organismo internacional, que decorre desde Setembro.
A cerimónia contou com a presença do ex-Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, que também foi homenageado com o Lifetime Achievement Award. O acto oficial de entrega de Certificados de Mérito e Troféus está agendado para o ano 2022, durante a próxima Assembleia Geral da ONU.
A lista das 100 Pessoas Mais Influentes de Descendência Africana homenageia personalidades negras que tenham um desempenho excepcional em diversas áreas de sectores públicos e privados de todo o mundo, nas categorias de política e governança, negócios e empreendedorismo, média e cultura, humanitária e religiosa, contribuindo desta forma para a constituição de uma rede progressista.
Mário Lopes integra a lista na categoria Humanitária, Activismo e Religioso, tornando-se no primeiro são-tomense a ser distinguido pela MIPAD. Figura de destaque do activismo social e juvenil dentro e fora de São Tomé e Príncipe, exerceu funções de Provedor do Estudante do Instituto Politécnico de Beja, foi o vencedor do Prémio Alda do Espírito Santo “Jovens que Inspiram”, em 2019. Até 2020, esteve envolvido em várias actividades do Conselho Nacional da Juventude daquele arquipélago.
É embaixador para São Tomé e Príncipe da Carta Africana da Juventude da União Africana e Next Einstein Forum. Recentemente foi seleccionado pela Unesco para representar o seu país na 2ª edição da Bienal de Luanda. É empreendedor social, analista de políticas lusófonas para a juventude, co-fundador do STP Digital e da Tela Digital Media Group e vice-presidente da ONG Galo Cantá. Em 2019, Mário já havia sido nomeado para a lista MIPAD, mas acabou por não entrar.
Com sede em Nova Iorque, a MIPAD foi proclamada pela Resolução 68/237 da Assembleia Geral das Nações Unidas em apoio à Década Internacional dos Afrodescendentes a ser observada de 2015 a 2024.
Distinguidos regozijam-se
Reagindo à FORBES, Mário Lopes diz que fazer parte da lista significa o reconhecimento das suas acções a nível nacional e internacional em prol do país e da juventude. “Sou conhecido por construir pontes. Essa distinção e o facto de ser o primeiro são-tomense na lista, é mais uma ponte construída para que os talentos de São Tomé e Príncipe tenha uma visibilidade global”, refere.
Disse acreditar que as acções que desenvolve em prol e com os jovens em várias estruturas, desde o Conselho Nacional da Juventude do país, passando pela diplomacia sobre as políticas juvenis na CPLP, defesa da inserção dos jovens em centro de decisões nos países-membros e o facto de ser indigitado para representar a juventude de São Tomé e Príncipe na Carta Africana da Juventude da União Africana terão contribuído para a sua inclusão na lista Global Top 100. “O meu foco tem sido somente em produzir resultados que mudem vidas das pessoas, directa ou indirectamente”, diz.
Já o angolano Mateus Esteita, jovem escritor e mentor de vários projectos filantrópicos, ambientais e acadêmicos em Angola e na Rússia, entre os quais Ndozi – de alfabetização e ensino de inglês na sua terra-natal (Uíge), Neurokandengue, SEA – Sociedade de Engenheiros e Arquitetos, bem como Disrupttion magazine, é formado em engenharia de Tecnologia Química de Combustíveis na Rússia.
Com um mestrado em Segurança de Processos na Indústria Petrolífera, Esteita é autor do livro intitulado “O BOLSEIRO – a vida de um sonhador”, lançado em 2018 e reeditado em 2019. Foi eleito “Estudante Estrangeiro do Ano” pelo Ministério do Ensino Superior da Federação Russa em 2017 e é detentor de vários reconhecimentos naquele país.
Para o jovem engenheiro, “constar na lista do MIPAD 2021 representa um momento único do reconhecimento de todo trabalho que temos feito em Angola e não só, em prol das nossas comunidades, onde o jovem tem sido o nosso público-alvo, partilhando conhecimento e informação que poderá ser útil para o seu desenvolvimento pessoal e profissional”.
A FORBES tentou, sem sucesso, ouvir a reacção da engenheira de produção de petróleos, Fernanda Samuel, que trabalha em protecção ambiental, com o seu projecto Otchiva. A jovem, que em 2015 ganhou o Prémio Internacional Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável, tem se dedicado à protecção dos mangais.
É fundadora do AmbiReciclo, uma start-up que promove a economia verde e que já chegou a produzir 65 mil barras de sabão de forma voluntária, que foram distribuídas às famílias desfavorecidas. Fernanda Renée Ulombe Samuel, foi convidada pelo Presidente angolano, João Lourenço, a fazer parte do Conselho da República, tornando-se no mais jovem membro do órgão presidencial.
Na lista de 2021 dos 100 mais influentes afrodescendentes no mundo, dos lusófonos destacam-se ainda a ministra da justiça de Portugal, Francisca Van Dunem (luso-angolana), Dino D’Santiago (luso-cabo-verdiano) e o autor Lázaro Ramos (brasileiro).
Recorde-se que de Angola já foram reconhecidos pela MIPAD figuras como o Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, Adjany Costa (ex-ministra da Cultura, Turismo e Ambiente) e João Kanda Bernardo, nas categorias de Política e Governança, Ivanilson Machado, na categoria Empreendedorismo e Negócio, Cecília Bernardo, Heróis do Ambiente e o coach Marco Victor, em Humanitária e Religião, nas edições de 2018, 2019 e 2020.