A Trafigura e Kamoa-Kakula assinaram esta Quarta-feira, 07, um acordo para transportar minerais por um período mínimo de seis anos, através da LAR – Atlantic Lobito Corridor, empresa que gere a operação do Corredor do Lobito.
Os termos deste acordo, cujas cláusulas são confidenciais, foram assinados durante a Mining Indaba, na Cidade do Cabo, África do Sul, e marcam os primeiros compromissos comerciais de longo prazo com o Corredor do Lobito, uma nova rota comercial de importação e exportação entre o Cinturão de Cobre Africano e a costa atlântica de Angola.
“Prevê-se que o Corredor do Lobito atinja uma capacidade de exportação anual de um milhão de toneladas por ano antes do final desta década”, lê-se num comunicado a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso.
A alocação de capacidade de exportação da Trafigura através da LAR, detalha a nota, será de até 450 000 toneladas por ano a partir de 2025. Além disso, ao complexo de cobre Kamoa-Kakula, uma joint venture entre a Ivanhoe Mines e a Zijin Mining, foi atribuída uma capacidade mínima de 120 000 toneladas e até 240 000 toneladas por ano de produtos de cobre – blister-ânodo ou concentrado – a partir de 2025, com um compromisso inicial de 10 000 toneladas a serem transportadas em 2024, à medida que o Corredor do Lobito vá incrementando a sua operacionalidade.
A linha, quando completamente modernizada, de acordo com o comunicado, proporcionará uma rota mais eficiente e com menor emissão de teor de carbono para o mercado de cobre, cobalto e outros metais cruciais para a transição energética e vai operar de forma comercialmente aberta com todo o mercado.
O presidente executivo e CEO da Trafigura, Jeremy Weir, citado no documento, refere que o acordo assinado e os compromissos assumidos “visam contribuir para que a LAR dinamize a capacidade de transporte do Corredor do Lobito e o transforme, de facto, na principal e mais relevante ligação ferroviária da África Subsaariana.”
Já o fundador e co-presidente executivo da Ivanhoe Mines, Robert Friedland, “manifestou-se admirado com o trabalho árduo do consórcio responsável pela gestão do Corredor do Lobito e o da Trafigura”, que têm estado focado intensamente com os seus parceiros na República Democrática do Congo e em Angola, para construírem uma nova cadeia de abastecimento que está a tornar-se rapidamente uma das rotas comerciais mais importantes para o transporte do cobre metálico, mineral que é vital para todo o mundo.
“Este importante corredor económico vai desbloquear outros projectos de cobre devido aos custos logísticos mais baixos. Uma cadeia logística com custos reduzidos aumenta a quantidade de cobre economicamente recuperável em todo o Copperbelt, uma vez que os teores de corte podem ser reduzidos. Isto tem um impacto significativo nas descobertas feitas na RDC, como a recente descoberta de cobre Kitoko de alta qualidade e de extremidade aberta em Western Foreland, onde estamos a intensificar as actividades de exploração este ano para encontrar mais metal de cobre ultra-verde. Recordo que Kitoko fica a apenas 30 quilómetros da linha ferroviária já existente”, enfatizou.
O projecto de reabilitação do Corredor do Lobito beneficia do apoio dos governos de Angola, RDC, Zâmbia e da Parceria para o Investimento Global em Infra-estruturas (PGII) do Governo dos EUA, representando um investimento de mais de 500 milhões de dólares durante a vigência da concessão, com um financiamento potencial de pelo menos 250 milhões de dólares da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA.
Espera-se que o referido investimento venha a permitir a renovação de troços da linha férrea e infra-estruturas associadas, além de garantir a aquisição de mais 1 500 vagões e 35 locomotivas.