A petrolífera Total anunciou, esta semana, a retirada de todos os trabalhadores no Norte de Moçambique e a suspensão das actividades do Projecto Moçambique LNG, o maior investimento privado em curso no continente africano, avaliada em 20 mil milhões de euros.
Em comunicado, a empresa alega que a decisão se deve ao agravamento da instabilidade e falta de segurança, com o ataque a Palma, no dia 24 de Março, na província de Cabo Delgado, junto ao projecto de gás. A multinacional francesa invoca assim, pela primeira vez desde 1991, motivos de “força maior” para justificar o incumprimento de determinadas obrigações com factores externos.
Depois de novos ataques, a Total afirma não tem condições para prosseguir de maneira segura e eficiente, tendo afirmado que a suspensão se mantém, em Afungi, até que as condições o permitam. “O problema está completamente fora do controlo da Total, devido à severa deterioração da segurança em Cabo Delgado”, admitiu à Lusa, Anastasia Zhivulina, gestora de projectos da petrolífera.
Na nota, a Total manifesta a sua solidariedade para com o governo e o povo moçambicano e deseja que as acções desenvolvidas pelo mesmo e os seus parceiros regionais e internacionais permitam o restabelecimento da segurança e estabilidade na província de Cabo Delgado, de forma sustentada.
Moçambicanos crentes na continuidade do projecto
Entretanto, o facto de a petrolífera afirmar que continua comprometida com Moçambique e com o desenvolvimento do projecto da Área 1, leva as autoridades do país a manter a esperança que a multinacional apenas suspendeu o projecto e que o mesmo não será cancelado.
“Quero, mais uma vez aqui, reafirmar que não houve e não há abandono da Total, o que houve foi uma suspensão das actividades, devido à insegurança que se vive na área”, reiterou o presidente do Instituto Nacional de Petróleos de Moçambique (INP), Carlos Zacarias, em conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da Total.
O responsável explicou que a cláusula de “força maior” invocada pela Total vai ajudar a mitigar os custos incorridos pelo consórcio concessionário do projecto de gás e pelas empresas subcontratadas, mas não implica o fim do empreendimento.
Carlos Zacarias salientou ainda que o Projecto Moçambique LNG será retomado, tão logo forem garantidas as condições de segurança no distrito de Palma, onde estão sedeados os projectos de gás natural, em Cabo Delgado.
“Logo que as condições de segurança estiverem criadas e melhoradas, tenho a certeza que as actividades serão retomadas, aliás, nós sabemos que, há pouco tempo, foi feito o fecho financeiro final e que há fundos para prosseguir com o projecto”, enfatizou o presidente do órgão regulador do sector petrolífero daquele país.
A Total E&P Mozambique Area 1 Limitada, é uma subsidiária integral da Total SE, onde opera a Mozambique LNG com uma participação de 26,5%, ao lado da ENH Rovuma Área 1, SA (15%), Mitsui E&P Moçambique Area 1 Limited (20%), ONGC Videsh Rovuma Limited (10%), Beas Rovuma Energy Mozambique Limited (10%), BPRL Ventures Mozambique BV (10%) e PTTEP Mozambique Area 1 Limited (8,5%).