O Presidente angolano, João Lourenço, nomeou nesta Sexta-feira, 16, Manuel António Tiago Dias para governar o banco central do país, por um período de seis anos, obedecendo todas as formalidades exigidas pela Constituição da República e pela Lei do Banco Nacional de Angola (BNA).
“Tendo sido cumpridas todas as formalidades exigidas pela Constituição da República de Angola e pela Lei do Banco Nacional de Angola, com parecer favorável à nomeação do candidato indicado para o cargo de governador do Banco Nacional de Angola, havendo necessidade de se proceder à nomeação do governador do Banco Nacional de Angola, o Presidente da República nomeia Manuel António Tiago Dias para o cargo de governador do Banco Nacional de Angola”, lê-se no decreto presidencial exarado nesta Sexta-feira.
Antes, noutro decreto, João Lourenço exonerou Manuel António Tiago Dias do cargo de vice-governador do BNA, cargo que havia sido nomeado em 2016, reconduzido em Dezembro do ano passado e que desempenhou até 9 de Junho de 2023, altura em que foi nomeado governador interino, como consequência da “renúncia” de José de Lima Massano, que veio logo depois a ser nomeado ministro de Estado para a Coordenação Económica.
O expediente da indicação de Manuel Tiago Dias terá sido enviado à Assembleia Nacional pelo Presidente da República na passada Segunda-feira, 12 de Junho. Na manhã de hoje [Sexta-feira] o agora nomeado governador do órgão regulador do mercado bancário angolano foi ouvido em audição parlamentar por deputados das comissões de Economia e Finanças e de Assuntos Constitucionais e Jurídicos.
Numa nota publicada no website da Assembleia Nacional de Angola consultada pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, os deputados consideram que Manuel Tiago Dias, candidato indicado pelo Presidente da República para exercer a função de governador do Banco Nacional de Angola, tem um percurso profissional de reconhecida competência e preenche os requisitos legalmente exigíveis para assumir os destinos do banco central nos próximos seis anos.
“A sua idoneidade, competência técnica, conhecimento e capacidade de gestão foram aferidas pelos parlamentares que, em cerca de uma hora, dirigiram questões ao candidato relativas ao seu percurso profissional, desenvolvimento de política monetária e mercado cambial, expectativas sobre o comportamento dos indicadores macroeconómicos (níveis de inflação), crédito à economia e serviços bancários”, lê-se na nota, que justifica a recomendação da nomeação de Manuel Tiago Dias, cuja vontade foi expressa no Relatório Parecer Conjunto da 5ª e 1ª comissões de trabalho especializadas da Assembleia Nacional, entregue ao Presidente da República, com 24 votos a favor, cinco abstenções e nenhum voto contra.
Embora reconheça que o candidato preenche os requisitos exigidos, a UNITA absteve-se da votação, por não concordar com a política de câmbio flutuante, que, segundo a deputada Mihaela Webba, continuará a ser seguida pelo Banco Nacional Angola.
Por sua vez, o vice-presidente da 5ª Comissão [de Economia e Finanças], deputado Manuel da Cruz Neto, lembrou que as decisões sobre as políticas desenvolvidas pelo BNA não dependem apenas de quem o dirige, mas de um órgão colegial. Disse, de igual modo, que existe uma estratégia desenhada por este órgão para fazer face a instabilidade macroeconómica do país.
Em declarações à imprensa, Manuel Tiago Dias mencionou as suas prioridades à frente do Banco Nacional de Angola. Apesar da conjuntura económica internacional adversa, o actual governador do BNA assegurou que pretende estabilizar o mercado de câmbio e reduzir a taxa de inflação nacional para um dígito, quiçá para níveis de inflação abaixo dos 7%, conforme recomenda a convergência macroeconómica da região da SADC.
Nascido a 2 de Fevereiro de 1967, na província do Cuanza Norte, Manuel António Tiago Dias é Mestre em Ciências Económicas pela Universidade de Bordéus, em França. Ingressou no BNA em 1997, onde ocupou várias funções, entre elas a de director do Departamento de Estatística, sub-director do Departamento de Estudos e Estatística e de Chefe da Divisão de Estudos do Departamento de Estudos e Estatística do banco central.