O CEO do BAI, S.A. Angola, Luís Lélis realçou durante a sua intervenção na conferência “Doing Business Angola” as potencialidade do país, mas destacou também alguns desafios que ainda se tem de vencer. Luís Lélis assumiu ainda que expandir o negócio por via de aquisições não está nos planos da instituição no período 2022/2027. Falando no painel “Sectores que apoiam e potenciam o desenvolvimento” na conferência “Doing Business Angola” no Hotel Ritz, em Lisboa, Luís Lélis foi perentório: “nós não prevemos nem comprar, nem fazer fusões ou aquisições. Não consta do plano estratégico”.
O Banco Angolano de Investimento (BAI) foi no ano passado a primeira empresa angolana a ser cotada em bolsa, emprega direta e indiretamente cerca de 2700 pessoas, conta com pouco mais de 2,3 milhões de clientes ativos, a sua rede preferencial é o BAIDirecto, mas ainda assim dispõe de 57 balcões.
Luís Léllis disse que a instituição é um parceiro, estando “perfeitamente alinhado” e reconhecendo “a importância da estratégia de diversificação da economia” angolana. Confessou depois ter lido as 427 páginas da estratégia de longo prazo Angola 2050 (…) e salientou ter visto no documento “bastantes oportunidades e bastantes desafios”.
Angola não é só o país potencialmente rico, existe também capacidade, mas tem imenso desafios, referiu. “Temos um grande potencial em Angola e, por vezes, somos confrontados com situações do ponto de vista legal e regulamentar que não estão adequadas às nossas necessidades especificas. Todo o processo de negociação e de alteração… é tempo que nós não temos”, salientou.
O país está a crescer à média de um milhão de pessoas por ano. “E há necessidade muito urgente de se criarem milhares de empregos para estes jovens” – afirmou o também presidente do conselho de administração do BAI Europa e coordenador do Comité de Remuneração do BAI Cabo Verde.
A formação é, no geral, um grande desafio num país tão jovem. “O ensino de base de qualidade para que depois se possam dotar as pessoas de competências e atividades adequadas àquilo que Angola hoje precisa que é a criação de emprego em massa”, referiu.
Considerando os desafios, “pensar fora da caixa” é necessário, sublinhou, acrescentando que a banca também “tem que estar neste processo”. Assinalou uma melhor coordenação entre os vários departamentos governamentais, mais interligados com a atividade económica, o que “permite perceber com pragmatismo o que é importante e o que é urgente”.
Luís Léllis apontou a “capacidade para responder às grandes demandas dos clientes” como um dos principais desafios que se colocam ao BAI, tal como o desenvolvimento de capital humano. Neste campo, adiantou: “Portugal tem uma vantagem competitiva enorme: a língua, a cultura – somos muito parecidos”. O banco tem uma academia e contrata, acrescentou o gestor, muitos serviços de institutos e universidades portuguesas.
O BAI opera em Portugal através do BAI Europa, estando presente em Lisboa e no Porto, tem um banco em Cabo Verde e uma participação de 25% em S. Tomé e Príncipe. “O BAI Europa tem uma vantagem competitiva de como fazer negócios em Angola”, destacou Luís Léllis.
A conferência “Doing Business Angola” foi organizada pel’O Jornal Económico e pela Forbes África Lusófona e reuniu em Lisboa alguns dos mais importantes atores do ecossistema económico e político de Angola para abordar alguns dos temas relevantes da vida económica este país lusófono.
Na abertura, N’Gunu Tiny, fundador do Grupo Media Nove, defendeu que Angola precisa de um sector privado forte.
Augusto Kalikemala, administrador executivo do IGAPE – Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado trouxe à conferência o tema das privatizações.
Ângelo Gama, CEO da Angola Cables, multinacional angolana de telecomunicações, revelou que está “quase, quase” a fazer a primeira venda de um software desenvolvido por Angola para uma multinacional norte-americana.