O Banco de Cabo Verde (BCV) decidiu não alterar a taxa de juro de referência, em 0,25%, visando a contenção da inflação na área do euro, que atingiu níveis máximos, devido ao impacto da guerra e da crise energética.
Ao manter esta posição, de acordo com o governador do BCV, que apresentou no último fim-de-semana, na cidade da Praia, o relatório de política monetária da instituição referente ao mês de Outubro, o órgão regulador está, no entanto, consciente do alargamento do diferencial das taxas de juros de referência face às da Zona Euro, resultante do processo acelerado de normalização da política monetária pelo Banco Central Europeu, e do seu potencial impacto nos fluxos de capitais externos.
“Contudo, considerando as demais variáveis avaliadas, [o BCV] entende ser relevante manter, por ora, o pendor da política monetária”, enfatizou, Óscar Santos.
Citado num documento publicado no website do Banco de Cabo Verde, consulado pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o responsável garantiu que a economia nacional prossegue uma trajectória de recuperação, com a actividade económica a beneficiar da performance do sector do turismo, cujos resultados ultrapassaram largamente as expectativas, particularmente no primeiro semestre.
Relativamente às Reservas Internacionais Líquidas, o governador informou que se situam “num nível confortável”, cobrindo mais do que cinco meses de importações de bens e serviços, considerado adequado para a manutenção da estabilidade do regime cambial de peg fixo [paridade entre o escudo cabo-verdiano e o euro].
“Já o Produto Interno Bruto, cresceu em volume, 17,2% em termos homólogos, no primeiro semestre do ano, impulsionado, pela forte recuperação do sector mais afectado pela pandemia, precisamente o sector dos serviços, em que se particulariza o do turismo, que recupera em níveis superiores ao previsto anteriormente”, lê-se no documento.
No entanto, para 2023 as perspectivas macroeconómicas são menos favoráveis, devido aos efeitos do conflito e tensões geopolíticas na queda do poder de compra decorrente da alta inflação, bem como da incerteza e perda de confiança dos agentes económicos, aliados ao aperto nas condições de financiamento nos principais mercados internacionais.