Sustentabilidade no sector bancário angolano divide opiniões

Especialistas em banca e finanças divergiram nas suas opiniões numa conferência sobre “Sustentabilidade no Sector Bancário Nacional” realizada recentemente, em Luanda, e que visou saudar o 27º aniversário do Banco Angolano de Investimentos e 11º da Academia BAI. Luís Lélis, CEO do BAI, um dos ‘painelistas’ da mesa-redonda que abordou o tema, começou por definir…
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CEO do BAI diz existir sustentabilidade no sector, mas líder da ABANC descorda, afirmando que apesar da existência de indicadores de sustentabilidade e responsabilidade social, na prática, não existe.
Economia

Especialistas em banca e finanças divergiram nas suas opiniões numa conferência sobre “Sustentabilidade no Sector Bancário Nacional” realizada recentemente, em Luanda, e que visou saudar o 27º aniversário do Banco Angolano de Investimentos e 11º da Academia BAI.

Luís Lélis, CEO do BAI, um dos ‘painelistas’ da mesa-redonda que abordou o tema, começou por definir sustentabilidade como a “capacidade de atender as necessidades do presente sem comprometer as necessidades do futuro”, defendendo que a mesma existe no sector bancário angolano.

De acordo com o gestor do maior banco nacional por activos, a sustentabilidade [na banca do país] “transformou-se num chavão quase pressionada pelas questões ambientais, que se juntam as questões socais de governação”.

Alinhada com Luís Lélis, a directora de Supervisão Bancária do Banco Nacional de Angola (BNA), Carla Gomes, reforçou que a sustentabilidade está nas agendas internacionais, um pouco em toda parte, em contextos institucionais. “Cada um tem preocupações ligadas ao ambiente e não só. O conceito exige ir mais além. Temos de olhar para os riscos, continuidade e os benefícios que a sustentabilidade traz na agenda internacional e somos obrigados adaptar, naquilo que anteriormente víamos apenas como questões do ponto de vista ambiental”, realçou.

Mário Nascimento, presidente de direcção da ABANC – Associação Angolana de Bancos, descordou dos colegas de painel e afirmou que “não existe” sustentabilidade no sector da banca angolana. “Temos alguns indicadores de sustentabilidade e responsabilidade social que muitas instituições têm levado a cabo, mas não num contexto coerente, coordenado de matérias relativas a sustentabilidade”, argumentou.

Segundo o líder da ABANC, “apenas dois ou três bancos” têm os relatórios de sustentabilidade. “Isso não faz a banca, mas sim dois a três bancos. Claro que temos um contexto que é uma preocupação de sustentabilidade, do ponto de vista dos recursos públicos, e que é a preocupação dos bancos”, enfatizou Mário Nascimento.

Em concordância com o presidente de direcção da ABANC esteve Giza Martins, director da Sun África, tendo afirmado que tudo passa por um processo e que a definição de sustentabilidade é mais abrangente. “É um processo de inclusão da conciliação de factores económicos, sociais e ambientais em tudo que nós fazemos, tendo naturalmente em conta a consequência do uso dos recursos que temos, que são finitos”, sustentou, acrescentando que a componente social e ambiental é capturada pela governação.

“Pressupõe-se que a governação das instituições há de ser uma governação ética e hoje envolve fazer com que as instituições tenham uma postura responsável perante o ambiente que contribui no sucesso do ponto de vista financeiro”, disse.

As Conferências Academia BAI (CAB), realizam-se anualmente abordando temas que apelem à reflexão e que vão de encontro às preocupações nacionais e globais.

A edição deste ano contou ainda com a participação de Paulo Portas, antigo governante de Portugal, que exerceu as funções de vice-primeiro-ministro e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, que abordou o tema “ESG no Sector Financeiro”.

*Napiri Lufánia

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