“Um marco histórico”, assim classificou Patrice Trovoada, Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe a graduação a País de Renda Média, feita pelas Nações Unidas. “É o reconhecimento do progresso que alcançámos ao longo dos anos, fruto do esforço coletivo de todos os são-tomenses e das parcerias sólidas que cultivamos com a comunidade internacional”.
O anúncio, realizado pela ONU, reconhece avanços significativos em áreas como o rendimento per capita, desenvolvimento humano e resiliência económica. Contudo, o Primeiro-ministro Patrice Trovoada deixou claro que este é um momento de celebração, mas também de reflexão e responsabilidade. “Este novo marco exige de nós prudência, consistência e estratégia. A graduação para o estatuto de País de Renda Média, embora seja um sinal de progresso, também traz consigo novas responsabilidades e desafios que devemos encarar com maturidade e determinação”, declarou Trovoada.
A recomendação da ONU para a graduação foi baseada em critérios como o aumento do rendimento per capita, avanços nos ativos humanos e melhorias nos índices de vulnerabilidade económica e ambiental. Segundo o comunicado da ONU, entre os indicadores de destaque estão a expansão da cobertura universal de saúde de 47% em 2010 para 59% em 2021 e a posição em 11.º lugar no Índice Ibrahim de Governança Africana em 2021. Para a Organização das Nações Unidas esta graduação é “um testemunho dos esforços sustentados das autoridades são-tomenses para promover um crescimento económico robusto, melhorar o desenvolvimento humano e fortalecer a resiliência contra vulnerabilidades.
“Ainda há muito a fazer”, sublinhou, o Primeiro-ministro destacando que o avanço “não é apenas uma conquista simbólica, mas também uma transição que traz novas responsabilidades e desafios.”
A mudança para a categoria de País de Renda Média implica menos acesso a financiamentos concessionais e apoios tradicionais e assistencialistas. “Teremos de lidar com formas novas de financiamento, criativas e sustentáveis, temos de atrair investimento, competir com outras economias e financiar o desenvolvimento sem comprometer a estabilidade económica e social”, acrescentou o chefe do Governo. Patrice Trovoada lembrou que a chave para um crescimento sustentável será a diversificação económica e a aposta em setores estratégicos como tecnologia, turismo, economia azul, energias renováveis e capital humano.
Trovoada também sublinhou a importância de reduzir as desigualdades sociais. “As melhorias dos indicadores macroeconómicos, só por si, não fazem sentido se não se podem traduzir em maior justiça social e em benefícios concretos para todos os são-tomenses”.
São Tomé e Príncipe enfrenta dificuldades fiscais e ainda não concluiu um acordo de crédito alargado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), essencial para estabilizar a economia. No entanto, a graduação representa uma oportunidade para adotar abordagens mais inovadoras e competitivas no financiamento ao desenvolvimento. “Este novo marco exige de nós prudência, consistência e estratégia. Não devemos permanecer na nossa zona de conforto. O momento é de celebração, mas também de trabalho”, concluiu Trovoada.