Uma conferência de imprensa marcou nesta Segunda-feira, 15, o arranque da 5ª Quinzena da Cidadania, organizada conjuntamente pela FONG STP, Associação para a Cooperação Entre os Povos, Associação dos Jornalistas Santomenses e a Associação Santomense de Mulheres Juristas, com o apoio da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.
O evento, que decorre de 15 a 26 deste mês sobe o lema “Cultura e Direitos Humanos”, procura contribuir para o reforço da participação das crianças, jovens e adultos na vida democrática em São Tomé e Príncipe.
Entre as actividades enquadradas no evento destacam-se a feira do livro, conferências, workshop sobre teatro, debate televisivo sobre jornalismo e direitos humanos, conversas em torno dos direitos humanos e cultura, performance de dança da Academia das Artes e Orquestra Infantil Rizoma. A 5ª Quinzena é organizada no quadro dos projectos “Melhor Governação, Mais Direitos, Mais Cidadania” e “Observatório das Políticas e da Governação de São Tomé e Príncipe”.
O programa reserva ainda a exibição de documentários, exposições fotográficas sobre a participação das mulheres nas manifestações culturais em São Tomé e Príncipe e sobre participação das mulheres no Tchiloli. Além da conferência inaugural da 5ª Quinzena da Cidadania, um dos pontos altos deste evento é a apresentação da 2ª Edição do Índice de Corrupção e Governação em São Tomé e Príncipe.
As actividades serão realizadas na capital do país e nos distritos de Lembá e Caué, com o envolvimento de associações assim como as autarquias.
“As actividades programadas para estes dias serão descentralizadas e iremos levá-las um pouco pelo país. As crianças, adultos e jovens podem participar connosco. A sociedade civil tem feito o seu papel e intervém sempre que possível,” explicou aos jornalistas Eduardo Elba, secretário permanente da Federação das Organizações Não-Governamentais de São Tomé e Príncipe (FONG-STP), acrescentando estar instalado no país uma cultura de medo.
“Estamos num contexto de maioria absoluta. Depois de 25 de Novembro de 2022 parece que houve uma cultura de medo no país. As pessoas temem pelas suas vidas. A sociedade está a assistir tudo de boca calada, apesar de ter havido algumas manifestações. É preciso entender tudo isso”, caracterizou.
De acordo com Eduardo Eba, a 5ª Quinzena da Cidadania surge como uma forma de se debater e procurar ultrapassar os problemas que vivem no país e que papel os jornalistas têm jogado neste processo. “Todos temos receio pela nossa vida e, por isso, temos que trabalhar com cautela. Não temos apoio na retaguarda”, alegou”,explicou o secretário permanente da FONG-STP.
Domitilia Trovoada, da Associação São-tomense das Mulheres Juristas, outra parceira nesta actividade, avançou que vários workhops serão realizados com o foco no “ABC dos direitos humanos, para que os jovens nas escolas possam saber o que é direito humano, como devem interagir, no sentido de aprenderem como lidar com situações futuras na sua própria vida”.
“O papel dos jornalistas nas questões relativas aos direitos humanos tem deixado muito a desejar. Estamos a viver o rescaldo do caso de 25 de Novembro, que o partido no poder está a procurar branquear a nódua que manchou o nosso país. Ainda em 2018 também com este partido no poder foi assassinado um economista, Jorge Santos, e este crime ainda continua por esclarecer. Por isso nós temos de trabalhar mais”, disse, por sua vez, Juvenal Rodrigues, presidente da Associação dos Jornalistas.
O líder associativo defendeu ainda ser necessário que os profissionais da comunicação social reflitam mais sobre questões que se prendem com o acesso ao emprego e a água, meninos na rua e questionem mais. “Há muita coisa para se falar e debater, mas é preciso criar espaços, de modo que consigamos mobilizar cidadãos e mudar esta sociedade”, sublinhou.
Já Fátima Proença, da Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP), destacou também o “papel fundamental” que os jornalistas e a comunicação Social têm nesta Quinzena da Cidadania. “A importância da comunicação social na promoção dos direitos humanos e dos direitos culturais é complementar ao papel da escola, da família, das políticas públicas […] Gostava, em nome da ACEP, agradecer os parceiros que continuam connosco nesta caminhada de muito sobressalto. E o facto de estarmos na 5ª Quinzena da Cidadania é um sinal de mudança e de evolução positiva e de afirmação da sociedade civil são-tomense”, considerou.