Delegações de Angola e São Tomé e Príncipe estiveram durante três dias reunidas, a estudar formas para estancar as dívidas são-tomenses para com o país irmão, calculada no global em 320 milhões de dólares, sendo 68 milhões deste valor correspondente a dívida bilateral e cerca de 252 milhões de dólares a dívida comercial.
Das negociações resultou a assinatura de um acordo que, além de prever a amortização da dívida de São Tomé e Príncipe para com Angola, privilegia também a cooperação económica. O documento foi rubricado pelo ministro de Estado e da Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, e pelo ministro são-tomense do Planeamento, Finanças e Economia Azul, Ginésio da Mata, na presença do Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada.
“Passamos também em revista a questão do fornecimento do combustível e prevemos, a partir desta etapa, desenvolver uma nova estratégia no domínio económico para que haja maior produtividade para ambas as partes. Só assim poderemos estancar a onda crescente da dívida e implementar negócios noutro domínio. A amortização das dívidas será tratada nas etapas seguintes”, referiu Ginésio da Mata, explicando mais adiante que existem duas categorias de dívida, uma comercial e outra bilateral, sendo a comercial obtida pela ENCO – Empresa Nacional de Combustível e Óleo à Sonangol e a bilateral que é a dívida do Estado.
“A ENCO não é uma empresa pública. O Estado detém apenas 16% de participação e isso ficou devidamente esclarecido durante os encontros. Em termos de definição efectiva da abordagem que iremos dar, vamos tratar desse assunto por etapas e não está totalmente concluído”, disse o ministro são-tomense.
Ginésio da Mata reconheceu que São Tomé e Príncipe tem limites de endividamento e defendeu a busca de estratégias e alternativas para travar a situação. “O acordo vigorará enquanto as vontades das partes subsistir e não tem período de validade”, clarificou o governante.
Angola é um dos principais parceiros e credor de São Tomé e Príncipe e o único fornecedor de combustíveis ao arquipélago. Recorde-se que o governo de Patrice Trovoada actualizou recentemente os preços dos combustíveis, passando o litro de gasolina a custar 1.53 euros, o gasóleo 1,45 euros e petróleo 0,60 cêntimos, uma medida que causou algum descontentamento entre a população.
A nova visão de cooperação económica entre os dois países, além de acertos das contas, servirá também para atrair investimento angolano para São Tomé e Príncipe.
A delegação angolana que esteve em missão oficial de trabalho em São Tomé e Príncipe, entre os dias 15 e 17 deste mês, com o objectivo de reforçar a cooperação estratégica, foi chefiada pelo ministro de Estado para Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, e integrada por 23 outros responsáveis, entre eles o ministro do turismo, dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, secretários de Estado, bem como o presidente do conselho de administração da Sonangol.