Um projecto da start-up angolana Narisrec, a primeira a posicionar-se entre as dez premiadas no concurso “AFD Digital Challenge 2021”, prevê cortar em 30%, nos próximos tempos, os níveis de emissão de dióxido de carbono resultante das suas actividades de produção e controlo de resíduos electrónicos, revelou à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA o seu CEO e fundador, Décio Silva.
Para materializar a estratégia, garante o empreendedor, a Narisrec não irá se desviar do seu objecto social, o tratamento de resíduos electrónicos, sendo também parte do foco da organização a gestão e comercialização de resíduos, mecanismo com o qual pretende atingir a meta.
No mercado do tratamento especializado de resíduos electrónicos desde 2019, a organização liderada por Décio Silva e que foi distinguida no concurso “AFD Digital Challenge de 2021”, com o projecto Binewaste – uma plataforma digital web, que permite fazer pedidos de recolha de resíduos electrónicos, e integra um e-commerce para compra e venda de produtos electrónicos usados e recondicionados –, o que lhe valeu o prémio de 20.000 euros e direito a suporte / acompanhamento durante um ano e com projecção Internacional.
Organizado anualmente pela Agência Francesa de Desenvolvimento, o AFD Digital Challenge é um concurso que visa identificar e promover projectos inovadores apresentados por startu-ps africanas.
Décio Silva entrou para o mundo do empreendedorismo em 2014, depois de um despedimento colectivo na empresa em que trabalhava, em consequência da crise económica que o país atravessava. Com a sua experiência em informática, sua área de formação, abriu uma pequena loja de reparação de computadores, mas foi em 2019 que surgiu a Narisrec, onde até à data investiu já, com fundos próprios e apoio de familiares e amigos, cerca de 10 milhões de kwanzas.
A Narisrec, foi constituída com o objectivo de colmatar as necessidades emergentes no que toca a recolha, tratamento e gestão dos resíduos electrónicos, com ênfase na protecção do ecossistema nacional relativamente à sustentabilidade do meio ambiente, além do compromisso na redução do dióxido de carbono no planeta.
De acordo com o empreendedor, a empresa que conta actualmente com nove colaboradores, trata em média cerca de 500 quilos a uma tonelada de resíduos electrónicos por mês. Para o presente ano está prevista a contratação de 30 novos funcionários, o que poderá elevar também a capacidade operacional.
Em 2021, fruto das suas operações de venda, recolha e tratamento de resíduos, a empresa terá facturado aproximadamente 20 milhões de kwanzas (cerca de 37,9 mil dólares) e prevê para o ano em curso um crescimento na facturação na ordem dos 8%.
Com um modelo de negócio que o seu CEO considera “inovador e atractivo”, a start-up pretende ser uma empresa de referência nacional e regional na gestão de resíduos electrónicos e com foco na internacionalização, conforme previsão de Décio Silva.
São também objectivos da empresa abrir um centro de recolha e tratamento, desmantelamento manual de resíduos electrónicos em pequena escala e fazer colocação de ecopontos seguros, em locais estratégicos para depósitos de resíduos electrónicos.
O empreendedor considera que Angola é um mercado promissor no negócio de tratamento dos resíduos electrónicos. Dados da Agência Nacional de Resíduos (ANR), indicam que o país conta com cerca de 123 empresas, mais apenas três incluem a recolha, gestão e tratamento de resíduos electrónicos na sua efectividade.
“A concorrência é muito pequena. Ainda assim, com grande abertura podemos atender rapidamente as necessidades do mercado e sermos das primeiras a actuar neste segmento”, disse Décio.
Hoje, com uma vasta experiência em tecnologias verdes e informática, o jovem diz não ter limites e quer tornar-se num empreendedor de sucesso.