O Standard Bank Angola (SBA) está a analisar uma lista de projectos de energia renováveis no país, que ultrapassa dois biliões de dólares, revelou esta Terça-feira, 07, em Luanda, o administrador executivo da instituição, Ricardo Ferreira.
“Obviamente, há uma capacidade limitada para se fazer tudo que é a ambição do país, mas podemos dizer que somos parte relevante daquilo que é o financiamento ao sector em Angola”, explicou Ricardo Ferreira, no final da conferência “Energias Renováveis em Angola: Enquadramentos e Desafios”.
Segundo o gestor, o Standard Bank Angola defende uma maior fomentação de parceria público-privado. “Para isso, tem que se atrair investidores internacionais, sendo que os projectos que têm que ser financiados são avultados”, advertiu.
A título de exemplo, indicou que para se fechar as redes de transmissão de Angola, “já que ainda não estão todas interligadas”, são necessários, no mínimo, 800 milhões de dólares. “Portanto, isso é algo que tem que ser feito com a participação do Estado”, acrescentou.
De acordo com Ricardo Ferreira, as energias renováveis têm-se tornado cada vez mais relevantes no contexto global, e em Angola não é diferente. “Estamos cientes dos desafios que enfrentamos, no que diz respeito à sustentabilidade e à preservação do meio ambiente, e é por isso que esta conferência assume tamanho significado”, enfatizou.
Por sua vez, a sócia da PLMJ Colab Angola – RVA Advogados, Renata Valenti, fez saber que estão envolvidos em alguns projectos e interessados no processo regulatório. “Há necessidade de o quadro legal acompanhar as necessidades dos investidores”, considerou.
Actualmente, o quadro legal de Angola continua ligado às garantias, flutuações cambiais, bem como permitir que o transporte de energia não esteja centralizado na Rede Nacional de Transporte de Electricidade (RNT).
“O potencial energético de Angola e indiscutível e coloca o país na linha da frente para a produção e até para a exportação de energia, não só para os países vizinhos, como também para o mercado europeu”, assegurou Renata Valenti.
Entretanto, o engenheiro sénior do Ministério da Energia e Águas, João Pataca Fernandes, disse que para fazer face aos desafios da realidade actual e projectar o crescimento do sector, o Governo angolano elaborou um plano de acção para o horizonte 2023-2027.
Para o quinquénio, avançou, prevê-se um investimento de cerca de 11,7 mil milhões de dólares, dos quais 41% para novos projectos e 59% para projectos no Programa de Investimento Publico (PIP) 2023.
“Do valor destes investimentos, cerca de 52% vai para o eixo de expansão do acesso à energia eléctrica através da rede (on-grid) e fora de rede (off-grid) e o restante dividido entre o eixo de aumento da eficiência e sustentabilidade financeira do sector e aposta nas renováveis e participação privada no sector”, referiu.
João Pataca Fernandes frisou também que dentre as grandes prioridades constam a continuidade das obras de construção da Central Hidroelétrica de Caculo Cabaça e conclusão de Laúca, que já se encontra em funcionamento.
“Durante o presente ano, teremos novamente em produção as centrais da Matala, agora com 40,8 megawatts (MW), e do Luachimo, com 34 megawatts, após um longo período de indisponibilidade”, garantiu.
No ano em curso, após mais de 30 anos de indisponibilidade, segundo anunciou ainda, entrará em serviço a central hídrica do Cunje, na província do Bié, com uma capacidade a rondar 1 MW. Trata-se da central hidroeléctrica de dimensão mais reduzida em todo o parque electroprodutor nacional.
“Prevê-se igualmente que o projecto de construção dos parques solares fotovoltaicos do Luena, Saurimo, Bailundo, Lucapa e Cuito sejam concluídos no próximo ano. Estas centrais contribuirão para o aumento da capacidade instalada de geração solar fotovoltaica de 285,5 megawatts para 370 megawatts”, frisou.
A conferência “Energias Renováveis em Angola: Enquadramentos e Desafios” foi realizada pelo Standard Bank de Angola (SBA) e a PLMJ Colab Angola – RVA Advogados, que reuniram os principais decisores e stakeholders do sector para um debate multidisciplinar sobre os desafios das energias renováveis em Angola.