Concebido inicialmente para engenheiros e pessoas ligadas ao mundo do desporto automóvel, de onde provém a inspiração para a sua designação, o Speedmaster da Omega acabou de forma inesperada por fazer parte da maior aventura da humanidade.
A verdadeira celebridade, hoje, 65 anos após o seu lançamento, usufrui de um reconhecimento imediato e de um estatuto de culto entre apreciadores e coleccionadores de relógios. Trata-se de um relógio de pulso reconhecível à distância, e para quem pretende um relógio desportivo.
“O prazer de possuir e usar um Speedmaster evoluiu positivamente com o passar dos anos, e a crescente legião de fãs deste modelo em todo o mundo é prova irrefutável de que o fenómeno parece não querer esmorecer”, lê-se numa comunicação da marca que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso.
O documento descreve que submetido aos mais duros testes a que alguma vez um relógio mecânico foi sujeito, “o Speedmaster foi ao espaço, andou sobre a Lua, tornou-se num dos heróis da Apollo 13, teve a honra de receber o Silver Snoopy Award e chegou aos nossos dias envolto numa aura a que apenas poucos medidores do tempo podem ambicionar. “O Speedmaster é definitivamente um caso à parte na história da relojoaria”.
Criado segundo o conceito de Pierre Moinat, director criativo da Omega em 1957, a ideia original definia um cronógrafo robusto, à prova de água e que permitisse uma leitura fácil e precisa. A caixa seria desenhada por Claude Baillot, um dos principais designers da Omega, tendo o primeiro protótipo sido construído pelas mãos de Georges Hartmann.
Lançado nesse mesmo ano, o Speedmaster integrava a linha professional, uma colecção na qual a Omega contava com os Seamaster 300 e os Railmaster. Uma trilogia composta por modelos com referências famosas como os CK2915, CK2913 e CK2914. Originalmente, a intenção da marca de Bienne era a de integrar o modelo na colecção Seamaster, uma decisão que nunca chegou a ser tomada, mas que é a razão pela qual a Omega manteve o cavalo-marinho como símbolo na tampa da caixa.
A Lua e mais além
Segundo o astronauta Eugene Cernan, o último homem a pisar o solo lunar com a Apollo 17, “o Speedmaster Professional foi, virtualmente, o único equipamento de missão da NASA que se manteve inalterado ao longo de todo o programa Apollo.” Um testemunho de excelência a que poucas marcas podem ambicionar. Este capítulo essencial na história do Speedmaster começa em 1960, quando a NASA procurava activamente relógios fiáveis que pudessem ser candidatos ao programa espacial cujo objectivo era pôr um homem na Lua.
Durante os testes que decorreram ao longo de dois dias, os relógios foram submetidos a temperaturas entre 71 e 93ºC, após o que eram arrefecidos de forma repentina para -18ºC. Seguiam então para uma câmara de vácuo aquecida a uma temperatura de 93ºC, seguindo-se uma nova bateria de testes onde eram aquecidos a 70ºCs e arrefecidos instantaneamente para -18ºC.
Um processo que era repetido por 15 vezes. Caso os relógios se mantivessem inalterados e a funcionar correctamente, seguia-se um teste de impacto com uma força de 40G aplicada a partir de seis direcções distintas. Adicionalmente tinham de suportar uma humidade de 93%, uma atmosfera altamente corrosiva de 100% de oxigénio, assim como um teste sonoro de 130 decibéis. Finalmente um teste de vibrações com uma duração de 90 minutos onde os relógios sofriam um impulso de pelo menos 8G.
Como esperado, nem todos os relógios sobreviveram a esta tortura. Na sua carta datada de 1 de Março de 1965, o director assistente para as operações das equipas de voo reportava que apenas o Omega Speedmaster, apesar de algumas ligeiras irregularidades, tinha tido um desempenho satisfatório.
A partir de Março de 1965, o Omega Speedmaster recebia finalmente a certificação de “flight qualified by NASA for all manned space missions”, qualificado pela NASA para todas as missões espaciais tripuladas, tornando-se no único que tinha sido capaz de passar nos mais exigentes testes a que alguma vez um relógio mecânico tinha sido submetido.