Os oito blocos de exploração colocados à venda pela petrolífera estatal angolana, Sonangol, não receberam nenhuma proposta de interesse das grandes operadoras do sector que actuam ao largo da costa do país, o que já está a levantar “preocupação” no board da companhia angolana, segundo avança esta Segunda-feira, 11, o UPSTREAM, site especializado em temas do sector petrolífero.
No manifesto que lança o concurso público de alienação dos blocos, a Sonangol diz que já recebeu 35 propostas com origem em 19 empresas da indústria petrolífera, sem, no entanto, precisar, caso a caso, quais as empresas e consórcios de empresas que manifestaram interesse no negócio.
Entretanto, o UPSTREAM escreve na sua edição online que apenas operadores não seniores no sector e nesse tipo de operações é que manifestaram interesses, sem, no entanto, avançar igualmente quem são esses pequenos players.
Aliás, parte considerável das propostas apresentadas vêm de operadores domésticos, sendo que algumas destas propostas estão a vir da Sinopec, empresa de energia chinesa com reputação no fornecimento de produtos químicos e derivados do petróleo.
Eskil Jersing, que actua no sector petrolífero em África há 35 anos, considera que as denominadas majors e demais companhias petrolíferas nacionais estão satisfeitas com as suas posições de ‘colheita’ noutros campos e que a ausência das operadoras europeias pode estar associada a questões de acesso ao capital.
“Os mercados públicos britânico e europeu ainda são extremamente apertados. Só os melhores activos poderão assegurar [financiamento]”, disse Eskil Jersing.
Para Jersing, que também é consultor de desenvolvimento empresarial da Eburon Resources, empresa privada em fase de arranque, argumenta que para ganhar dinheiro em África “a grande questão sempre foi controlar o ritmo da actividade”.
O consultor acrescenta ainda que, no caso de Angola, enquanto a Sonangol e os potenciais novos participantes pretenderem avançar rápida e eficientemente no sector, os concorrentes precisam de persuadir os investidores de que existe um incentivo sustentável e mutuamente alinhado para o sucesso entre os parceiros da empresa conjunta e o detentor dos recursos.
“Os tempos estão a mudar, mas o controlo, a capacidade e o ritmo continuarão a ser a chave para a obtenção de resultados com valor acrescentado”, concluiu Jersing.
A estratégia da Sonangol é reduzir as suas participações nos oito blocos anunciados para alienação, como parte de uma estratégia da companhia para reduzir custos e tornar novamente o negócio rentável. Só que mesmo os considerados blocos rentáveis, como o 15/06 e 31 que são operados pela Eni e BP, respectivamente, ficaram longe de atrair as grandes empresas ocidentais que encontraram ‘porto seguro’ no sector de exploração e produção em Angola.
Com as propostas das 19 empresas em cima da mesa, está em marcha um rigoroso processo de due dilligence a estas companhias que se mostraram interessadas nos oito blocos de exploração, ao que se seguirão negociações com as candidatas, no período de 7 de Outubro a 8 de Novembro, para a posterior assinatura dos contratos de compra e venda com aquelas que melhor reflectirem os procedimentos contratuais, em conformidade com os critérios de avaliação.