Como meio de pressionar uma atitude da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de Portugal, “perante a crise política” na Guiné-Bissau, o líder da Plataforma dos Movimentos Sociais da Guiné-Bissau, espaço que reagrupa 15 organizações, questionou, no início desta semana, o papel da organização e da nação lusa face aos problemas que se assistem.
Pela voz do seu líder, Germilde Malaca, a Plataforma dos Movimentos Sociais da Guiné-Bissau pede uma postura da CPLP e questiona se a organização lusófona e Portugal “vão continuar sem dizer nada” perante o que afirmou serem “ondas de raptos, espancamentos e proibições” no país.
Ladeado por líderes de organizações que compõem a Plataforma de Movimentos Sociais, Germilde Malaca defendeu ainda que a Guiné-Bissau, sendo parte da CPLP, não pode ser vista “como uma ilha” no cumprimento de normas internacionais.
“Esta comunidade é regida por um conjunto de princípios, valores e regras que vigoram num Estado de Direito democrático. Então não podem ficar aí a assistir a essas barbaridades que estão a acontecer no nosso país como se nada fosse”, afirmou Malaca.
O activista considerou ainda que a CPLP deve condenar os espancamentos, raptos de cidadãos, bem como a proibição de liberdade de reunião por parte de partidos políticos, sob pena de ser rotulada de incoerente.
“[CPLP] tem de intervir porque nós pertencemos a essa comunidade, falamos a mesma língua, porque uma comunidade, no conceito mais amplo, é onde as pessoas partilham a mesma comunicação, partilham o mesmo sentimento e se o país continuar nesse ritmo então nós vamos chamar à responsabilidade a comunidade internacional pela sua incoerência, pela sua passividade em assistir a atrocidades, raptos, espancamentos de cidadãos à luz do dia sem a mínima intervenção e condenação”, disse Germilde Malaca.
Malaca também questionou se Portugal “vai continuar com a sua passividade” perante o que diz serem ilegalidades na Guiné-Bissau ou vai tomar uma posição “como tem feito nos outros países”.
Questionado sobre se Portugal pode fazer algo no actual cenário político da Guiné-Bissau, sem ser acusado de ingerência nos assuntos internos, Germilde Malaca disse que os portugueses “são vizinhos” dos guineenses e antiga colónia.
“Portugal como é um país a que nós pertencemos em termos da colonização pode fazer algo. Não pode continuar a ficar equidistante a usar uma política, entre aspas, obscura, digo entre aspas, até com possibilidade de apadrinhar certas atitudes que não correspondem com a legalidade”, observou Malaca.
Já a nível interno, o activista instou as autoridades, nomeadamente Polícia Judiciária e Ministério Público e o Ministério do Interior (que coordena as polícias) a pararem com as ondas de raptos e espancamentos de cidadãos e ainda a descobrirem os atores daqueles atos.
Nos últimos dias, pelo menos dois activistas políticos foram raptados e espancados por pessoas desconhecidas.