A directora do Instituto Industrial e Inovação Tecnológica de Angola (IDIIA), Filomena de Oliveira, fez saber que ainda existe um deficit de organização da própria produção e de melhor aproveitamento daquilo que já se faz, no sector industrial de Angola.
As declarações foram feitas esta semana à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, à margem da cerimónia de abertura da 5.ª edição da Expo-Indústria, que encerra neste Sábado, 01 de Abril, com a participação de cerca de 238 expositores directos e indirectos, na zona Económica Especial (ZEE), Luanda-Bengo.
De acordo com Filomena de Oliveira, é necessário que se tenha uma melhor organização, não só por parte dos produtores, mas também das próprias indústrias que devem criar contactos antecipados para poderem fazer face às necessidades da sua produção industrial, uma vez que, diz, muitos produtos são sazonais.
“É necessário ter essa capacidade de controlar antecipadamente e termos uma cadeia de valor que permita as unidades industriais funcionarem todo ano”, alertou.
Para a responsável, a Expo-Indústria é uma feira bem representativa daquilo que são as realidades das indústrias em Angola, tendo um parque industrial com uma capacidade instalada das quais estão a ser produzidos entre 35% a 40%, mas tão logo a capacidade atinja os 50% terão um abastecimento local e regional consideravelmente mais acentuado.
Uma das responsabilidades do IDIIA, esclarece, é precisamente não só ver e apoiar o desenvolvimento industrial, a inovação e tecnologia de Angola, como também ajudar os próprios empresários a criar parcerias, bem como desburocratizar processos, por formas que na instituição [IDIIA] um ponto de encontro de apoio institucional do Ministério da Indústria e do Comércio para o desenvolvimento do sector.
Relativamente a fabricação de calçados com reaproveitamento das peles dos animais, um desafio lançado pelo Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, Filomena de Oliveira disse que no sistema de reindustrialização de Angola é um processo natural, que encontra agora suporte no Planapecuária.
Segundo a directora do Instituto Industrial e Inovação Tecnológica de Angola, irão ter com isso uma melhor organização naquilo que diz respeito a própria produção de carne e daí terem vários produtos que podem e devem ser reaproveitados, com o objectivo de potenciar novas indústrias. “Uma delas é exactamente a indústria das peles e dos calçados, mas, existem outras indústrias que derivam destas, como é o caso dos adubos que podem ser feitos a partir dos ossos”, apontou.
Disse ainda haver toda uma gama de produtos que podem ser usados em microempresas, como por exemplo o tratamento dos chifres dos gados, ou até mesmo as peles serem utilizadas na produção de almofadas e tapetes.
Filomena de Oliveira considerou, por outro lado, que a integração de Angola na Zona de Comércio Livre Continental Africana, abre uma grande oportunidade para se poder criar cadeias de valore regionais ou continentais, permitindo assim que a indústria seja alimentada não só com os matadouros do país, mas também com os da Namíbia e da Zâmbia e vice-versa.
“Esta é uma grande oportunidade que temos e devemos ajudar os nossos empresários a serem mais arrojados em pensar num investimento regional e local”, observou.
Filomena explicou que o Ministério da Indústria e Comércio tem, através da IDIIA, a gestão dos polos industriais e dos parques industriais rurais, “que também podem sempre trabalhar no sentido de criar polos ou parques específicos para diferentes partes da indústria”.