Com a conclusão do processo de reestruturação, o Banco Keve reduziu o número de accionistas de 49 para 21, segundo revelou em entrevista exclusiva à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA o director de Auditoria Interna da instituição, segundo Rui Simões.
Sem identificar os actuais 21 accionistas do banco, Rui Simões disse apenas tratar-se de “pessoas singulares e colectivas”.
Por outro lado, o responsável deu nota que o Keve passou, recentemente, por uma prova para ser aceite como correspondente bancário para divisas em dólares, ao cumprir com todo o formalismo e prova de conformidade.
“Este facto comprova que somos um banco conforme, com governo societário adequado e com fundamentos de compliance apropriados”, enfatizou.
Keve nega possibilidade de fusão com o BCI
Noutra vertente, o Banco Keve descarta qualquer possibilidade de fusão com Banco de Comércio e Indústria (BCI), desmentindo assim informações postas a circular, há tempos, e que apontavam para eventual união entre as duas instituições bancárias angolanas que originaria uma única.
Também em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o director de Planeamento e Controlo do Keve, Filipe Duarte, referiu que o Plano Estratégico de Negócio do banco para o período 2020-2025 não prevê possibilidade de qualquer acordo de fusão, “muito menos com o BCI”, mas lembrou que [a fusão] é uma situação que pode acontecer, naturalmente, com qualquer instituição bancária.
“Existe cada vez mais uma necessidade dos bancos se reforçarem e cumprirem com as imposições regulamentares do Banco Nacional de Angola (BNA). Portanto, um dos caminhos, para além da capitalização dos bancos por via de entrada de dinheiro dos accionistas, é a fusão entre bancos para se tornarem mais robustos. É uma possibilidade para qualquer banco, mas não para o Banco Keve, neste momento”, assegurou.
De acordo com o gestor, este ano o Keve pretende continuar a crescer e tornar-se numa referência no mercado angolano, aumentando a quota de mercado a nível de activos e de recursos, dentro do seu posicionamento estratégico.
“Em termos comerciais, nós passamos para um posicionamento mais virado para o corporate, nomeadamente corporate especializado. Estamos a falar do sector mineiro, agronegócio, Oil & Gas e corporate institucional. Estamos a dar alguns passos neste sentido. A visão da administração para o banco é claramente que o Banco Keve deixe de ter as dimensões actuais. Aliás, foi visível o crescimento que nos tivemos em termos de activos e o objectivo é continuar”, afirmou Filipe Duarte.
Questionado sobre a possibilidade de abertura de mais agências bancárias em outras províncias de Angola, o director de Planeamento e Controlo do Banco Keve explicou que o processo de restruturação visou também melhorar a eficiência, tendo acrescentado que, actualmente, o ser eficiente poderá não significar abertura de mais agências no país.
“Nós fizemos um investimento muito forte a nível das tecnologias, o que nos permite virar um bocadinho para aquilo que são as novas necessidades do mercado e dos nossos clientes. Portanto, não temos necessidade de estar fisicamente em todas as províncias, temos Internet Banking e ainda recentemente abrimos dois ATMs Center, na capital do país. A banca digital e um dos pilares da nossa estratégia”, justificou.
Quanto ao facto de o BNA inserir o Banco do Keve à lista de instituições sistémicas do sistema financeiro nacional, Filipe Duarte considera que o facto representa uma responsabilidade acrescida para a empresa.
“Vamos continuar a fazer o trabalho que temos feito. Estando no grupo dos bancos sistémicos, o escrutínio é maior. Temos que estar ainda mais atentos em relação às questões de governance. Isso só aguça a nossa vontade de fazer melhor”, indicou.
Como já noticiado pela FORBES, a conclusão do processo de reestruturação, em 2022, permitiu também ao banco duplicar o volume de activos para 611 mil milhões de kwanzas (cerca de 1,2 mil milhões USD), face a 2021, período em que estavam avaliados em 331 mil milhões de kwanzas (587,6 milhões USD).