As bacias húmidas de Cuntum, Plubá, Pssak e Djogoró, zonas pantanosas na cintura de Bissau, correm o risco de desaparecer nos próximos tempos, em consequência da construção de habitações naquele recinto e do vazamento do lixo, apontou o coordenador de programas da Proteção Civil da Guiné-Bissau, Alsau Sambú.
No passado, de acordo com o responsável, as quatro bacias costumavam ter grande quantidade de água doce durante todo o ano, mas que ultimamente tendem a secar cada vez mais.
“Há muito risco. Como eu falei há um processo de assoreamento, temos notado o vazamento do lixo nessas bacias, temos notado que não há um processo urbanístico planificado, há pouca pavimentação, isso provoca o transporte de muita areia, muitos resíduos sólidos, para essas bacias que se vão sedimentando aos poucos o que facilita a que as pessoas aproveitem desse processo sedimentado para fazerem construções”, alertou Alsau Sambú.
As bacias ajudam a manter a biodiversidade no maior centro populacional da Guiné-Bissau e ainda são campos de produção de alimentos.
De acordo com Sambú, as consequências “da incúria humana têm sido sentidas todos os anos”, na época das chuvas (entre os meses de Junho e Novembro) em que a Protecção Civil é accionada para atender a situações que poderiam ser evitadas, nomeadamente as inundações e desabamentos de habitações que provocam mortes e destruições.
Por outro lado, Alsau Sambú, que falava à Lusa, disse ainda que o mais grave, é o risco de a população de Bissau ficar sem campos de cultivo de alimentos, se nada for feito nos próximos tempos, nomeadamente para a protecção das quatro bacias húmidas, localmente chamadas de ‘bolanhas’.
“Geralmente essas ‘bolanhas’ (arrozais) eram usadas para produção do arroz, a rizicultura, mas neste momento com esse processo de sedimentação, assoreamento, mas também com a subida do nível da água do mar, a água salinizada tem impedido a produção do arroz. Daqui a pouco, em termos agrícolas, a cidade de Bissau pode não ter mais espaço para produção agrícola”, alertou Alsau Sambú.
O responsável acrescentou que as consequências de falta de atenção às exortações da Protecção Civil são sentidas todos os anos, entre outros, com o aumento de inundações, de incêndios, acidentes rodoviários, naufrágios e degradação acentuada dos solos.
Lusa