Um novo programa de ajuda financeira foi solicitado na passada semana pelo Governo de Cabo Verde ao Fundo Monetário Internacional (FMI), com vista a ultrapassar o quadro de crise por que passa aquela nação, que viu as receitas provenientes do sector do turismo reduzidas para mais de metade, devido a pandemia da Covid-19.
O anúncio da solicitação do programa foi feito pelo vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, que já avançou que a situação económica do país é “difícil”, devido aos “impactos de uma tripla crise”, o que levou o Governo a pedir um programa de apoio ao FMI.
“Tomámos a decisão de avançarmos com um novo programa com FMI, ancorado em quatro eixos fundamentais que vão priorizar a estabilidade a vários níveis – financeiros, dos preços, cambiais e macroeconómico –, a transparência, as reformas económicas para fazermos aumentar o potencial da nossa economia, e a inclusão social”, anunciou na Quinta-feira, 24, Olavo Correia, que desempenha também as funções de ministro das Finanças.
Olavo Correia fez estes esclarecimentos no termo da reunião final com a missão de acompanhamento do FMI, iniciada a 16 de Março, para contactos regulares com as autoridades cabo-verdianas e avaliação das consequências económicas da actual conjuntura internacional para o país.
Segundo o ministro das Finanças, a situação económica actual de Cabo Verde é difícil. Para Olavo Correia, o país está a viver os impactos de uma tripla crise, sendo climática [mais de três anos de seca], da pandemia da Covid-19 e agora da guerra na Ucrânia.
“Este contexto tem impacto muito exigente sobre o quadro económico, o quadro orçamental, mas também sobre o rendimento das famílias”, reconheceu.
Citado pela Lusa, Olavo Correia acrescentou que o Governo tem de dar resposta célere a vários níveis neste contexto, sobretudo para entrar brevemente numa trajetória de retoma da actividade económica.
“Neste contexto é muito importante que possamos contar com a colaboração do FMI”, apontou.
Olavo Correia recordou ainda que Cabo Verde já fez vários programas com o FMI, tendo uma “curva de experiência boa”, relativamente à sua gestão. “Nesse contexto penso que seria útil para o país que continuássemos com o programa com o FMI. Estamos alinhados quanto aos cenários macroeconómicos, quanto às reformas, igualmente quanto à necessidade de continuarmos com o programa com o Fundo”, disse.
O chefe da missão do FMI a Cabo Verde perspectivou, no final da mesma reunião, que há condições para o organismo apoiar um “programa de reformas sólidas e credíveis” no arquipélago, pedido pelo Governo.
“Estamos confiantes que o FMI vai conseguir dar o seu apoio ao Governo cabo-verdiano no contexto de um novo programa de reformas económicas de Cabo Verde”, afirmou, na Praia, o chefe da missão do FMI a Cabo Verde, Alex Segura-Ubiergo.