O Presidente russo, Vladimir Putin, disse esta Quinta-feira, 27, em São Petersburgo, aos líderes e representantes da maioria dos países africanos que a sua nação está a fazer todos os esforços para evitar uma crise alimentar global.
Putin falava na sessão de abertura da cimeira Rússia-África, que conta com a participação de um número muito menor de chefes de Estado e de Governo africanos, em comparação com o encontro em 2019.
“O nosso país continuará a apoiar os Estados e regiões necessitados, particularmente com as suas entregas humanitárias. Procuramos participar activamente na construção de um sistema mais justo de distribuição de recursos. Estamos a envidar todos os esforços para evitar uma crise alimentar mundial”, afirmou Putin.
“Já disse que o nosso país pode substituir os cereais ucranianos, quer numa base comercial, quer como ajuda aos países africanos mais necessitados, tanto mais que esperamos uma nova colheita recorde este ano.”
Recorde-se que, há um ano, a Rússia e a Ucrânia chegaram a um acordo mediado pela ONU e pela Turquia que reabriu três portos ucranianos do Mar Negro que tinham sido bloqueados pelos combates entre os dois países e garantiu que os navios que entrassem nos portos não seriam atacados. A Rússia recusou-se, no entanto, este mês, a renovar o acordo, queixando-se de que as suas próprias exportações estavam a ser bloqueadas. Tanto a Rússia como a Ucrânia são grandes fornecedores de cereais.
A promessa de exportação de produtos alimentares russos para África é fundamental para o objectivo declarado de Putin de utilizar a cimeira para reforçar os laços com um continente de 1,3 mil milhões de pessoas, que é cada vez mais assertivo na cena mundial, diz a Lusa.
Putin também anunciou outras medidas para aprofundar as relações com África, incluindo o aumento das matrículas de estudantes africanos nas universidades russas, a abertura de agências noticiosas do Estado russo em muitos países africanos e a proposta de um “espaço comum de informação na Rússia e em África, no âmbito do qual serão transmitidas ao público russo e africano informações objectivas e imparciais sobre os acontecimentos que ocorrem no mundo”.
As 54 nações africanas constituem o maior bloco de votação nas Nações Unidas e têm estado mais divididas do que qualquer outra região em relação às resoluções da Assembleia Geral que criticam as acções da Rússia na Ucrânia.
Esta é a segunda cimeira Rússia-África desde 2019. O número de chefes de Estado presentes diminuiu de 43 para 17, devido ao que o Kremlin descreveu como uma “pressão ocidental grosseira para desencorajar a participação das nações africanas”.
O conselheiro de Putin para os assuntos externos, Yuri Ushakov, afirmou que, embora apenas 17 chefes de Estado participem na cimeira, 32 outros países africanos estão representados por altos funcionários ou embaixadores.