Angola deverá produzir diariamente, até ao fim deste ano, cerca de 1.155 milhões de barris de petróleo por dia (m bpd), o que representará um crescimento na ordem dos 2,7%, uma variação positiva que não ocorria desde 2015, segundo previsões do Briefing Económico do Standard Bank Angola (SBA), apresentado há dias em Luanda.
No evento periódico, criado em 2018, Fáusio Mussá, economista chefe daquela instituição bancária de matriz sul-africana, referiu que “se se acrescentar à produção de petróleo à produção de gás, estar-se-ia a falar em média de 1,3 milhões de barris por dia”, o que, sublinha, “seria um nível bastante satisfatório, considerando algumas das previsões que nós acompanhamos nos últimos anos, onde já se via Angola a produzir menos de 1 milhão de barris por dia”.
Mussá, que reconhece o esforço do governo angolano para tornar o sector petrolífero atractivo, considera não ser possível diversificar a economia angolana sem se fortalecer o sector petrolífero. “Só com um sector petrolífero forte é possível transformar a economia e aumentar o peso da economia não petrolífera, porque o petróleo é aquele que contribui para estabilizar a economia”, justificou o economista moçambicano ao serviço do Standard Bank.
Entretanto, o quadro sénior do banco alerta que o país não pode parar com as reformas estruturais, no sentido de se reduzir a dependência da sua economia do petróleo. “O petróleo traz para Angola volatilidade de crescimento, exposição ao risco, o que não é saudável […]. Vai levar tempo para que estas reformas produzam uma mudança significativa na estrutura económica em Angola”, afirma, aconselhando a um maior investimento na agricultura, turismo e no sector mineiro.
Por outro lado, o Standar Bank prevê que até ao fim deste ano a inflação no país possa diminuir para 16,1%, contra os 24,4% registado em Maio último, depois de no princípio deste ano ter atingido o pico de 27,7%.
O fortalecimento do kwanza, que se apreciou 28,2% face ao dólar norte americano, desde o início do ano, e 49,2% nos últimos 12 meses, redução de impostos sobre os produtos de primeira necessidade e a implementação de uma reserva estratégica alimentar, desde o início do ano, têm contribuído para a redução da taxa de inflação, aponta Fáusio Mussá.
Apesar de reconhecer que a economia angolana sofre pressão da inflação a nível mundial, o economista explica que o governo tem aproveitado as exportações e o nível alto do preço de petróleo para abastecer o mercado com moeda estrangeira, através do BNA e das empresas petrolíferas, permitindo assim controlar a taxa de câmbio, “que se prevê manter-se estável, funcionando como amortecedor e trazendo preços competitivos”.
Jaime Pedro





