O conflito armado na região norte de Moçambique tem vindo a criar instabilidade ao nível das actividades económicas, bem como nas operações de empresas de diferentes sectores de negócios. Por conta deste cenário negativo, a petrolífera TotalEnergies adiou para mais dois anos a produção de gás natural liquefeito em Cabo Delgado, com previsão de início para 2026.
Durante o Fórum sobre a Resiliência em África, em Abidjan, o ministro da Economia e Finanças deste país lusófono, Adriano Maleiane, sublinhou que a retoma da produção poderá acontecer mais cedo do que o previsto inicialmente.
Depois da retoma da atividade, deverão começar as principais obras de construção civil e de instalação de tecnologias, sendo que o primeiro carregamento de gás por via marítima, abrindo portas às receitas do projeto, está agora previsto pela própria petrolífera para 2026.
Recorde-se que a previsão anterior apontava para 2024, mas a ocupação terrorista da vila de Palma, nas imediações das obras do projecto, no final de Março, levou à suspensão do empreendimento liderado pela Total.
Segundo a Lusa, o empreendimento é o maior investimento privado em curso em África, da ordem dos 20 mil milhões de euros.
Lembrar que a província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas que infelizmente tem sido aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito armado naquela região já provocou, mais de 3.100 mortes, mais de 817 mil deslocados, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e os números das autoridades moçambicanas.
Apesar da situação actual, desde Julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) já permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.