Dentro de 12 meses Angola deverá contar com a sua primeira refinaria de ouro, cuja primeira pedra foi lançada nesta Segunda-feira, 27, pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo e a governadora da província de Luanda, Ana Paula de Carvalho.
A infra-estrutura, de pequeno porte, está orçada em cerca de 7 milhões de dólares, que incluem a construção, material técnico, formação e consultoria, num investimento da Geoangol – uma unidade de negócio da diamantífera angolana Endiama, que será detentora de 83% das acções.
De acordo com Diamantino Azevedo, a refinaria de ouro de Luanda resulta da aposta do Executivo angolano em promover a cadeia de valor dos minerais com ocorrências no país, desde a pesquisa e prospecção, passando pela exploração, transformação e comercialização, a fim de gerar mais empregos.
Localizada no Polo Industrial de Viana, a futura refinaria será erguida numa área de 2.470 m2 e terá capacidade para produzir, diariamente, 10 a 20 quilogramas de ouro, prevendo-se que venha a criar 30 postos de trabalho directos.
Numa primeira fase a refinaria vai funcionar com um turno e posteriormente com mais de dois turnos, o que se espera que venha a permitir triplicar a produção de ouro, garantiu Azevedo, realçando que terá ainda disponibilidade para montagens de mais equipamentos para o aumento da produção diária, “o que lhe elevará a uma refinaria de médio porte”.
“Com a refinaria em funcionamento, as actividades nas minas serão maiores e muitas pessoas vão ter postos de trabalho. As actividades mineras, do ponto de vista social, contribuem para o desenvolvimento das comunidades e empregam jovens qualificados. Como também podem ver pelo número, aqui não haverá muitos empregos directos, porque é uma actividade tecnológica muito automatizada”, explicou o governante.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás perspectivou ainda que o processo da refinação poderá motivar a criação de joalharias e o surgimento de várias empresas interessadas na comprar de ouro e se juntar aos diamantes, que neste momento, garante, contam já com muitas fábricas de lapidação.
“Criamos em Saurimo, Lunda-Sul, o polo de lapidação de diamantes. Podemos juntar aqui o ouro refinado, diamantes refinados e motivar empresas essencialmente privadas a trabalharem na joalharia. Incentivar aqueles que queiram também, do ponto de vista financeiro, fazer aquisição do ouro. Quem sabe o próprio país também fazer aquisição de ouro para as suas reservas”, disse.
Em Angola, são conhecidos 28 projectos de ouro, dos quais 20 estão na fase de prospecção, oito já possuem títulos de exploração e dois iniciaram a produção e comercialização.
Uma das acções prioritárias do Programa de Desenvolvimento e Modernização das Actividades Geológico-mineiras do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2018-2022 , referiu Diamantino Azevedo, é prosseguir com a prospecção e exploração de metais preciosos, em que se destacam o ouro, a prata, o platino e outros, cuja transformação, com vista a agregação de valor, passa, necessariamente, pela utilização de refinarias.
Quanto ao garimpo em alguns pontos do país, o ministro informou que o governo está a aplicar medidas pedagógicas e punitivas desta actividade. “Se o garimpo continuar, efectivamente a vida das pessoas da região em causa não terá melhoria, na medida que beneficia apenas os intermediários que compram o produto e fomentam o garimpo. Temos combatido isso de todas formas e tudo dentro da lei”, informou.
Por outro lado, o titular da pasta dos Recursos Minerais justificou que os dois anos de Covid-19 não permitiram muita actividade das empresas mineras, tendo adiantado que, neste momento, sector está a reactivar as suas actividades.
“É preciso paciência porque a actividade minera desenvolve-se a longo prazo e temos de melhorar o ambiente para que mais empresas se engajem na actividade e criarmos assim infra-estruturas fortes, inauguramos laboratórios, continuar a formação e especialização dos quadros”, defendeu.
O governante indicou que o material refinado poderá ser usado internamente em vários sectores da economia, como são os casos da área de tecnologia, joalharia, mercado financeiro, dentre outros, tendo manifestando o desejo de que o ouro refinado em Angola atinja o grau de pureza aceite nas diversas bolsas de valores, mercados e instituições financeiras.