Maputo foi palco em Dezembro de 2021 da primeira exibição intitulada Genderful Society Exhibition, organizada pela Fundação SPROWT, por meio da sua network PIONEER.
A primeira edição teve como propósito sensibilizar a sociedade moçambicana sobre as questões de género, diversidade e inclusão, através da cultura, alinhado aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, concretamente o quinto, que se debruça sobre igualdade de género.
Em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, Rumina Fateally Noormahomed, presidente da Fundação SPROWT, fala do evento que marcou o mês de Dezembro em Moçambique.
Qual é o balanço que faz da primeira exibição intitulada Genderful Society Exhibition?
Genderful Society Exhibition foi a primeira exibição em Moçambique abordando a temática da DE&I (Diversidade, Equidade & Inclusão) através da Cultura, no alinhamento da Fundação SPROWT com os ODSs (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, especificamente o ODS 5 – Igualdade de Género.
Esta exibição exprimiu a história de cada um, a da Fundação, dos seus artistas, dos parceiros e patrocinadores e dos visitantes.
Esta mostra contou com a participação de convidados de honra, nomeadamente a Vereadora do Pelouro da Cultura e Turismo, Isabel Macie, o Vereador do Pelouro da Juventude e Cidadania, Nércio Duvane, ambos em representação do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, o Director de Cultura do INATUR e o Presidente do Pelouro da Cultura do CTA, Moreira Chonguiça.
Ainda contou com a visita do Governador da Província de Maputo Júlio Parruque e o Administrador Distrital de Marracuene Shafee Sidat.
Em parceria com o Ministério do Género, Criança e Acção Social e ONU Mulheres, contribuímos para a campanha ‘alaranjar o mundo em 16 dias’ para acabar com a violência contras as mulheres, através do nosso Poço dos Desejos – simbolicamente cada um pode expressar o seu desejo sobre DE&I e na matéria da violência contra as mulheres.
No âmbito das várias actividades nos 5 dias da exibição, tivemos convidados que participaram presencialmente e online nos webinars nas temáticas de Ethics in Leadership, Women in Leadership, Diversity & Inclusion in Corporates e Gender Neutrality in Fashion.
Líderes e especialistas da sociedade moçambicana e internacional doaram o seu tempo e conhecimento, proporcionando discussões e análises pertinentes e importantes, resultando no estabelecimento de alinhamentos mais vinculativos e fortalecendo as relações com os parceiros, consultores e especialistas, nacionais e internacionais.
Definiu-se a ‘Factura’ para as organizações e empresas públicas e privadas, que explica o peso do D de diversidade, o E de equidade e o I de Inclusão. E o que essas organizações e empresas terão de pagar como factura se não incorporarem DE&I nas suas culturas organizacionais e como princípios e práticas. DE&I é uma sub-categoria do S (Social) do ESG (Environmental, Social, Governance).
Também foi definido ‘SPROWT Alignment Timeline’, que colocou a Fundação em 2021 inserida em Moçambique, fez o enquadramento histórico até 1942, data da criação do termo ‘Nações Unidas’. O timeline é uma compilação de momentos históricos de desenvolvimento e progressão a nível mundial e ainda em África e Moçambique, na criação de organizações, na assinatura de tratados e outros momentos relevantes.
Os objectivos foram alcançados dentro do que foi planeado, como o propósito de sensibilizar a sociedade moçambicana sobre as questões de género, diversidade e inclusão, através da cultura?
A exibição superou as expectativas, primeiro por se tratar do primeiro evento público da fundação e portanto esperávamos sim dar a conhecer a fundação e o projecto Genderful Society, todavia as pessoas consumiram os conteúdos de forma enérgica, criou-se a curiosidade nelas em quererem saber do que se tratava a exibição e quererem ouvir a nossa história e de que forma a fundação olha o mundo e qual o nosso propósito; segundo pela receptividade dos diversos stakeholders (nossos embaixadores, os governantes, parceiros, patrocinadores, conselheiros, consultores, especialistas, visitantes, fornecedores) do tipo de programa incorporado e integrado nos 5 dias da exibição. Falar sobre DE&I numa perspectiva cultural foi uma inovação, pediram para que a fundação tenha mais programas e acções que despertem as mentes da nossa sociedade.
A Fundação tem 4 eixos estratégicos – Educação, Conhecimento / Ciência, Desenvolvimento e Cultura. Esta primeira edição foi através do nosso eixo da Cultura e na perspectiva da diversidade & inclusão, os objectivos foram cumpridos e acima das expectativas como disse, e diria que o objectivo de sensibilização tocou as pessoas embora isto precise de mais episódios do género porque questões de igualdade de género, diversidade e inclusão são desafiadores dum paradigma global e não apenas da nossa sociedade.
A temática de DE&I tem de começar a fazer parte das conversas a nível individual e corporativo, e abrange todas as idades.
Avaliação da 17ª Edição do Moçambique Fashion Week?
Nós acreditamos que a 17ª edição do MFW correspondeu e ultrapassou as expectativas iniciais. Após anos de crise e depois de 2 anos de pandemia foi muito positivo perceber que os jovens moçambicanos reinventaram-se e usaram a moda nessa mudança. Não só para mostrar a sua criatividade ao mundo, mas também para se fazerem ouvir nos problemas diversos que atingem a sociedade moçambicana. Com uma edição recorde de cerca de 80 estilistas, cerca de 70 eram moçambicanos e muitos deles faziam o seu primeiro contacto com o evento e com a experiência de passar a sua criatividade através dos tecidos ao público presente no evento e aquele que o seguia na TV e redes sociais.
Nesta edição, pesou também o tema escolhido e essencialmente a relação de parceria estabelecida com a Fundação SPROWT que fez ecoar ainda mais este grito de disrupção com os padrões normais e o olhar para o ser humano de uma forma mais inclusiva e saudável valorizando o género e acima de tudo para um mundo melhor e mais sustentável.
Uma campanha de responsabilidade social com ênfase na sustentabilidade também fez parte dos procedimentos, juntamente com workshops ao longo do ano para aumentar a conscientização sobre o papel da indústria da moda em manter a sua pegada de carbono ao mínimo. Também um Workshop de Planeamento para Designers, bem como um Workshop de Modelos foram feitos para preparar a semana de moda.
Com uma feira de elementos da indústria de moda e com e Gender Society Exhibition, a semana trouxe uma diferença substancial a cidade de Maputo e fez com que durante a semana cerca de 4000 pessoas pudessem apreciar as peças dos estilistas, a nova geração de modelos, vários tipos de adereços e terem acesso a uma exibição distinta e diferente e que foi complementada por vários webinars com conteúdos extremamente interessantes e ricos e que nalguns casos foram uma premiere em Moçambique.
Fale-nos dos premiados da melhor colecção, inspirado no tema “Inclusão e Diversidade”?
Este ano o Mozambique Fashion Week teve duas premiações. Uma da própria organização para a avaliação feita aos jovens estilistas moçambicanos.
Estes jovens materializaram o conceito nas suas coleções através da utilização de modelos especiais assim como na concepção das suas peças criativas.
O vencedor desta categoria foi Fahed Gaspar com uma coleção extremamente inspiradora e baseada em materiais recicláveis .
Assim este designer terá em 2022, cursos de formação bem como oferta de equipamento para equipar o seu atelier de forma a poder continuar a sua evolução e desenvolvimento nesta indústria.
Em paralelo, um dos patrocinadores do evento, criou um challenge para a Diversidade e Inclusão e onde participaram cerca de 30 estilistas, mostrando a sua visão para este tema em particular através de um conjunto de peças desenhadas e produzidas para o mesmo.
A cor e a criatividade foram um desafio para o júri deste Challenge uma vez que houve um empenho enorme por parte dos designers para vencerem este Challenge. Os vencedores deste Challenge foram o duo que compõe a marca Estravaganza.
Para 2022 um dos objectivos da Fundação ligados a responsabilidade social é apoiar as comunidades locais, orfanatos e infantários e creches com o nosso programa que integra o ECD com o Whole Brain. Isto vai permitir que as crianças estejam capazes de ingressar o ensino primário em melhores condições. Queremos interagir com as organizações e corporações, escolas e outras entidades, criando debates e contribuir para a alteração de paradigmas, como as questões de diversidade e inclusão. Estes como sub-categoria do Social do ESG (Environment, Social, Governance).