O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, elogiou nesta semana o processo de vacinação contra a Covid-19 em Angola, em que destacou o nível de organização, tendo defendido uma maior cooperação entre governos e o sector privado para acelerar a produção de vacinas, sobretudo no continente africano.
Falando à imprensa em Luanda, no final de uma visita ao centro de vacinação Paz Flor, no cumprimento do seu programa de trabalho de algumas horas à Angola, Charles Michel reiterou o interesse da União Europeia em trabalhar de forma estreita com os seus parceiros em África, a nível bilateral, e também com a União Africana, numa empreitada em que a pandemia provocada pelo novo coronavírus se apresenta como um dos principais desafios.
“Precisamos de mais vacinas em todo o mundo. Por isso, a União Europeia mobilizou 2,5 mil milhões de euros para apoiar a iniciativa Covax, fornecer doses a todo o mundo e aumentar a produção”, referiu o líder do Conselho Europeu.
Em linha com o pensamento do Presidente angolano, João Lourenço, que esta semana defendeu a necessidade de se facilitar o acesso às vacinas, durante uma cimeira virtual que juntou chefes de Estado e de Governo dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Charles Michel apelou à solidariedade dos parceiros internacionais para ajudar o continente africano a recuperar dos estragos da crise sanitária global e corrigir as assimetrias no fornecimento de vacinas.
“Defendemos mais indústrias do setor farmacêutico em África, isso é uma prioridade para a União Africana e a União Europeia está também totalmente disponível para ser mobilizada e é favorável a esta abordagem”, disse, acrescentando que, neste sentido, o organismo que preside está a trabalhar com o Banco Europeu de Investimento e que, pessoalmente, tem conversado com líderes africanos para que isto seja uma realidade o mais rápido possível.
Para o responsável europeu, acelerar a produção de vacinas é importante, tanto para África, como para a Europa, porque tal significaria também diversificar o abastecimento, pelo que há “vontade política” para a cooperação entre governos e o sector privado.
“Precisamos de aprender as lições desta crise de Covid-19 e pusemos na agenda a ideia de um possível tratado sobre as pandemias para prevenir, trocarmos informações e reagir mais rapidamente a nível internacional”, apontou.
Sobre a importância ou não de se levantar as patentes das vacinas contra a Covid-19, o Presidente do Conselho Europeu considera que, ainda que fosse resolvida a questão da propriedade intelectual, demoraria meses ou anos até se produzirem vacinas em todo o mundo, “pois não se trata de um produto normal e fácil de produzir”.
Mostrou-se favorável, por isso, a uma terceira via, proposta pela diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, para desenvolver as parcerias entre governos e o sector privado: “É o que estamos a fazer para criar mais fábricas e aumentar o ritmo de produção em todo o mundo, sobretudo no continente africano”, garante.