O presidente da Associação de Casas de Câmbio de Angola (ACCA), Hamilton Macedo, defende a união de sinergias, que podem passar por fusões neste segmento de negócios, como forma de se evitar que mais operadores tenham as suas licenças suspensas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), por inadequação do capital social ou inactividade por um período superior a seis meses.
Porém, o líder associativo reconhece, numa breve entrevista telefónica à FORBES, que para a realidade angolana, sobretudo pelo actual cenário económico do país, é pouco provável que o processo de fusões venha a acotecer.
Para Macedo, que não coloca de parte o factor crise como causador da ‘desistência’ de muitos operadores da actividade de câmbio, a manutenção dos negócios destas empresas depende dos seus promotores.
“Todas as empresas do sector hoje estão a passar por uma crise. E, em função da capacidade dos seus promotores ou accionistas, vão fazendo investimentos para que a actividade não morra. Como bem sabemos, nem todos temos a mesma capacidade. Há muita gente que, mesmo tendo capacidade, se deixa de acreditar no negócio, simplesmente desinveste”, refere.
As declarações do presidente da ACCA surgem na sequência do encerramento, pelo BNA, de mais 20 empresas financeiras não-bancárias, numa operação iniciada em Junho, por alegada inadequação do capital social e fundos próprios regulamentares, bem como pela inactividade por período superior a seis meses.
Entretanto, Hamilton Macedo explica que a inadequação de capital social e a inoperância de uma instituição financeira não-bancária por um período superior a seis meses não são os únicos sinais que antecipam o encerramento de uma empresa do sector. A falta de comunicação das operações realizadas por um operador ao banco central, diz, também dá lugar a penalizações como a anulação da licença por parte do Banco nacional de Angola (BNA).
“O banco central tem várias maneiras de monitorar se a empresa está activa, ou se mantém as portas abertas e mantém os funcionários. Há um conjunto de dados que os operadores do sector deviam passar ao BNA, mesmo não estando com as portas abertas. O que eu acho é que estamos perante um desistir do segmento de negócio [por parte dos operadores penalizados]”, explica o líder associativo, socorrendo-se das regras da actvidade financeira não-bancária.
O também administrador da Nova Câmbios – um dos maiores players do segmento no mercado nacional, reconhece existirem dificuldades por parte de muitos operadores para manter a plataforma de comunicação com o banco central activa, apontando como causa aos elevados custos.
“Sabemos que para comunicar ao banco central temos que ter recursos humanos e técnicos activos, de forma a responderem às exigências do regulador. Temos que reconhecer que a comunicação regulador é feita numa tecnologia moderna, cuja manutenção tem custos avultados”, revela.
O responsável lembra, no entanto, que este tipo de penalizações não tem abrangido apenas casas de câmbio, de remessa de valores ou sociedades de micro-crédito. “Temos que reconhecer que o sector financeiro, da base ao topo, tem assistido à encerramentos, seja de bancos, casas de câmbio ou empresas de micro-crédito”, aponta.
Informações oficiais avançadas na passada semana pelo Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro do órgão regulador dão conta que, no dia 18 de Junho, o Conselho de Administração do Banco Nacional de Angola (BNA) deliberou a revogação da licença de 18 instituições financeiras não-bancárias e reconheceu também a caducidade da mesma de duas outras, o que veio a se efectivar no passado dia 26 do mês em curso. Só entre os dias 14 e 26 de Julho, o banco central determinou o encerramento de 16 instituições que actua no seguimento de câmbio, remessa de valores e de microcrédito.