O Chefe de Estado da República de Cabo Vede, José Maria Neves, apelou para a necessidade dos países credores da maioria dos compromissos dos países africanos a perdoarem ou a olharem para a necessidade de reconversão da dívida.
José Maria Neves falava, pela primeira vez, na cimeira da União Africana, onde o estadista daquele arquipélago apelou para o perdão ou a reconversão da dívida africana e condenou os golpes de estado “que têm minado o continente”.
“Não podendo África, sozinha, ter meios suficientes para financiar as medidas de resposta e recuperação da crise económica, pandémica e climática, haverá necessidade de se assegurar financiamento complementar através de outras formas e fontes de financiamento externo, nomeadamente: o Investimento Directo Estrangeiro, a cooperação internacional, a assistência financeira externa apropriada, e o perdão ou reconversão da dívida”, lembrou aquele presidente, que tem pouco menos de três meses de mandato.
Por outro lado, José Maria Neves condenou igualmente os recorrentes golpes de estado “que têm minado o continente” e sublinhou a necessidade de África reforçar a capacidade africana de prevenção e gestão de conflitos.
“Manifesto a minha preocupação pelas constantes ameaças à paz, segurança e estabilidade no nosso continente, mormente na região oeste africana e do Sahel. Estou a falar concretamente do terrorismo e da subversão da ordem constitucional instituída, através de golpes de estado que têm minado o continente”, sublinhou.
Ao mesmo tempo, José Maria Neves disse que endereça, a todas às famílias africanas vitimas do terrorismo, toda a sua solidariedade, designadamente no Burkina Faso, Mali, Níger, norte da Nigéria e Moçambique, além de ter reafirmado o “mais veemente repúdio a todo e qualquer acto terrorista, bem como de subversão da ordem constitucional, como as que ocorreram no Sudão, Mali, Guiné-Conackry, Burkina Faso e a recente tentativa de golpe de estado na Guiné-Bissau”.