O Presidente cabo-verdiano atribuiu a Ordem Amílcar Cabral, maior distinção nacional, ao antigo líder da Organização da União Africana, Salim Ahmed Salim, e à viúva do primeiro Presidente angolano, Maria Eugénia Neto, no âmbito das comemorações da independência do país.
No decreto presidencial de 28 de Junho, em que atribui as condecorações, para exprimir reconhecimento e um profundo sentido de gratidão, o chefe de Estado, José Maria Neves, recorda que a independência nacional, proclamada em 05 de Julho de 1975, “constitui sempre motivo e oportunidade para uma necessária retrospectiva do percurso histórico, político e cultural da nação, possibilitando a valorização das conquistas, a compreensão do presente e a projecção do futuro”.
Segundo o decreto, Cabo Verde nunca esteve só na luta nacional pela dignidade e a autodeterminação, que foi sempre entendida como parte da luta comum dos irmãos africanos, com vista à libertação de toda a África, ao estabelecimento de nações soberanas e à criação de condições reais de desenvolvimento e bem-estar para todos.
“Diplomata arguto, laborioso e que, justamente por isso, ultrapassou os limites da actuação no âmbito do seu país, a Tanzânia, para ser uma voz credível à escala do continente e no seio de instâncias globais como a Organização das Nações Unidas. Legitimamente, pertence à plêiade de personalidades que de modo automático e natural são associadas à luta pelo pan-africanismo e pela Unidade Africana. Nesse sentido, aliás, contribuiu em vários momentos e em diversos espaços”, justifica-se no mesmo decreto.
O documento acrescenta que Salim Ahmed Salim soube projectar e defender com inteligência e grande profissionalismo os ideais e os interesses políticos fundamentais do seu país e de África, apoiou os movimentos de libertação nacional, particularmente os das antigas colónias portuguesas, e os combatentes sul-africanos ao regime do apartheid.
“Destaca-se ainda o seu papel de defensor de Cabo Verde e apoiante entusiasmado das iniciativas políticas e diplomáticas de Amílcar Cabral, junto das instituições da ONU, incluindo a proposta do envio, em Abril de 1972, de uma missão de observação às regiões libertadas da Guiné-Bissau. Finalmente, para culminar o seu compromisso indefectível com a libertação do nosso país, deslocou-se, propositadamente, à cidade da Praia para testemunhar a fundação da República de Cabo Verde, a 05 de Julho de 1975”, recorda o documento citado pela Lusa.