O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, manifestou, há dias, a disponibilidade de Portugal em apoiar São Tomé e Príncipe no âmbito da segurança marítima.
O governante disse que Portugal no que tem que ver com a segurança e defesa tem um papel muito importante em São Tomé e Príncipe e que “tem vindo a assumir esta responsabilidade através do navio Zaire, que está no país há muitos anos, com necessidade de substituição, pretendendo levar estás questões no quadro da CPLP”.
João Cravinho referiu também que os dois países estão a trabalhar num novo programa de apoio à Administração Pública são-tomense que se concretizará nos próximos meses, assegurando que Portugal trará a São Tomé e Príncipe pessoas qualificadas para dar apoio a diversas áreas, entre as quais a das finanças, segurança social e justiça.
Durante um encontro ocorrido na passada sexta-feira entre o ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, Alberto Pereira, e o seu homólogo português, trataram questões sobre as oportunidades de trabalho com a juventude em áreas como agricultura e empoderamento das mulheres, um projecto que surge depois do primeiro-ministro são-tomense ter pedido, em Dezembro último, ajuda a Portugal para a modernização da Administração Pública.
“Foi uma conversa muito rica e que terá continuidade. Este projecto novo de reforço da Administração Pública são-tomense tem diferentes áreas e é uma ideia que foi lançada pelo Primeiro-ministro, Patrice Trovoada, quando esteve em Dezembro em Lisboa, e do nosso lado há total disponibilidade e agora vamos trabalhar para concretizar as diferentes áreas e para encontrar os técnicos que possam vir a São Tomé e Príncipe trabalhar nos diferentes ministérios”, disse João Gomes Cravinho.
Um outro assunto debatido pelos governantes dos dois países foi a realização da cimeira da CPLP, onde o ministro são-tomense mostrou estarem em curso os preparativos, apontando para uma logística muito elevada.
“Tive a oportunidade de felicitar São Tomé e Príncipe pela responsabilidade que assumiu de realizar a cimeira e de ter a presidência da CPLP nos próximos dois anos. Do nosso lado, claro, haverá toda a colaboração”, garantiu Cravinho.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal explicou que estão a trabalhar numa perspectiva de meios que corresponde mais necessidades da região. “Há um problema grave de pirataria no Golfo da Guiné. Mais de 90% da pirataria a nível mundial tem lugar aqui nesta sub-região e temos de apoiar São Tomé e Príncipe, quer seja com formação, quer seja com meios que possam permitir que as águas do país sejam devidamente salvaguardadas,” referiu.
Emissão de vistos pode conhecer alteração
O diplomata português abordou também, por outro lado, os vistos dentro dos Estados-membros da CPLP, que poderão sofrer alterações, em breve, para permitir que os são-tomenses que se deslocam a Portugal à procura de emprego possam ir melhor preparados. Os vistos, avançou o governante, têm permitido que semanalmente centenas de pessoas na sua maioria jovens deixem o país com destino a Portugal.
João Cravinho afirma ser prematuro fazer um balanço, mas do ponto de vista simbólico e prático é um passo gigante para a CPLP. “Num primeiro momento, há algumas questões a afinar. Existe uma procura reforçada nos nossos consulados. O consulado aqui [em São Tomé e Príncipe] tem conseguiu aumentar muito significativamente a emissão de vistos, em 2022, mas há também outros aspectos que devem ser acautelados”, sublinhou, tendo apontado como exemplo os mecanismos de apoio a formação em São Tomé e Príncipe, antes de irem para Portugal. “Isto é algo que devemos enquadrar na nossa relação de cooperação”, rematou
Após a disponibilização de 15 milhões de euros às autoridades são-tomenses, com o objectivo de contribuir para a educação, saúde, segurança alimentar e robustecimento da democracia e do Estado de Direito no país, a deslocação do diplomata português a São Tomé e Príncipe foi classificada como uma oportunidade para conhecer as perspetivas são-tomenses neste âmbito, bem como mapear possibilidades de cooperação entre os dois países, nos planos bilateral, multilateral e lusófono.
Durante a sua estadia de trabalho em São Tomé e Príncipe, João Cravinho visitou a Escola Portuguesa e no Centro Cultural Português, bem como reuniu-se com Presidente da República, Carlos Vila Nova, e o Primeiro-ministro, Patrice Trovoada. O ministro português dos Negócios Estrangeiros deslocou-se ainda à zona Norte do país, onde foi ver o Projecto de Desenvolvimento Integrado de Lembá, em Neves, gerido pela irmã Lúcia, com o apoio financeiro da Cooperação Portuguesa.