O director da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Cabo Verde, Paulo Borges, sugeriu há dias a revisão da Pauta Aduaneira no arquipélago, como forma de tornar os produtos portugueses mais baratos e mais acessíveis naquele país lusófono.
Em declarações à agência Lusa à margem de um workshop sobre as relações empresariais entre Cabo Verde e Açores, ocorrido na passada semana na cidade da Praia, o director da AICEP lembrou que há muitos anos que os empresários portugueses vêm chamando a atenção para a Pauta Aduaneira em Cabo Verde.
“Em primeiro lugar, é muito extensa, há muitos artigos que quase que são idênticos e é difícil identificar qual é que se aplica com a melhor taxa e isso, por vezes, traduz-se num aumento de burocracias que prejudica o ambiente de negócios”, argumentou.
Paulo Borges indicou como exemplo as taxas aplicadas aos vinhos, que não é considerado uma bebida alcoólica, mas sim um produto alimentar. “Gostaríamos de ver as taxas dos vinhos em geral mais próxima do que se aplica a nível internacional e em outros países, o que de facto em Cabo Verde é bastante elevada”, sustentou, reforçando que “o vinho é também um produto muito importante” para o turismo de Cabo Verde.
“Se conseguíssemos democratizar o preço do vinho, podíamos aumentar as nossas exportações nesse sector e o próprio sector em Cabo Verde desenvolvia-se mais, porque também é um produtor de excelentes vinhos”, completou.
O responsável notou que as taxas aduaneiras muito elevadas não se passam somente com vinhos, mas também em produtos lácteos, que são “um pouco penalizadoras” para a actividade económica.
Borges mostrou-se, no entanto, esperançoso que a adesão de Cabo Verde à Organização Mundial do Comércio (OMC) possa contribuir para que o país venha a praticar “taxas mais acessíveis” em alguns produtos importados, para evitar que cheguem ao consumidor final a um valor elevado. “Acho que seria também um contributo importante para o aumento do consumo em Cabo Verde e daria a possibilidade de a maior parte da população”. perspectivou.
Na sua intervenção no workshop, o diretor da AICEP em Cabo Vede deixou algumas sugestões para se poder aproveitar as oportunidades de negócios entre os dois países, a começar por preparar bem a estratégia de entrada no mercado cabo-verdiano, analisar bem as suas características, o posicionamento geográfico e ver os principais concorrentes no mercado.
A AICEP é a agência responsável pelo acolhimento de projectos de investimento, de origem nacional ou estrangeira, em Portugal, fazendo o acompanhamento de todas as etapas do projecto e fornece aconselhamento e “informação à medida das necessidades dos clientes”.
A agência cobre toda a cadeia de valor da economia portuguesa, através de serviços orientados ao cliente, sejam empresas lusas, sejam investidores estrangeiros, contribuindo, assim, para a notoriedade da imagem de Portugal no mundo.