A falta de diversificação de instrumentos, a inflação, a falta de capacitação dos técnicos e a limitação imposta aos correctores são apontadas como as principais razões do fraco investimento das seguradoras e fundos de pensões angolanos no mercado de capitais, onde a participação destas instituições, até junho deste ano, foi apenas de 4%, num total de 360 mil milhões de kwanzas negociados por investidores institucionais em instrumento de dívida.
A consideração foi apontada nesta quarta-feira, durante o Fórum “Mercado de Capitais e o Sector de Seguros e Fundos de Pensões”, organizado pela Comissão de Mercado de Capitais (CMC).
Dadiva Malanda, da ENSA-Seguros de Angola S.A, revelou que a instituição “tem dinheiro para investir”, entretanto necessita de garantias e de mais alternativas. “Precisamos de opções cada vez mais sustentadas […] também alguma variação, alguma diversificação”, disse a responsável, acrescentando que “falando dos títulos da dívida pública, temos situações desafiantes, começando pela própria inflação. A limitação que os correctores imobiliários enfrentam, constitui, igualmente, preocupação para a ENSA.
Por sua vez, o representante da Fênix Fundo de Pensões, Pedro Alfredo, reconheceu que tem havido uma maior abertura nos últimos anos, porém, disse que “são muitos os desafios que se impõem, desde a restruturação da própria entidade em si, actualização em termos de capacitação dos técnicos, para que melhor possam dotar de conhecimento para intervenção neste segmento”.
A responsável pelo Gabinete de Desenvolvimento de Mercados da CMC, Ludmila Dange, que argumentou que “a falta de conhecimento se esbate com formação”, garantiu que a instituição tem trabalhado com as entidades, através de vários programas para potenciar empresas, permitindo que estas emitam valores mobiliários.
Ludmila Dange que concorda com a preocupação das seguradoras e dos fundos de pensões quanto a rentabilidade do investimento, disse que “nós pensamos que mesmo com os instrumentos que tem, ainda é possível haver uma participação mais activa das seguradoras e dos fundos de pensões”, reforçando que “é também importante aqui haver essa vontade ao nível das próprias entidades que têm o capital de trazerem ao mercado”.
CMC quer maior participação das seguradoras e fundos de pensões no mercado de capitais
A Presidente do Conselho de Administração do Mercado de Capitais, Maria Uini Baptista, recordou que as medidas de incentivo e mobilização de investimento adoptadas pelo governo, destacando “a redução do capital social das seguradoras e a retirada dos limites inferiores para investimentos.”
“Nós pretendemos é que, as empresas ligadas aos seguros e fundos de pensões, participem activamente no mercado de capitais, que canalizem o montante disponível para os instrumentos que já vão surgindo e já vão crescendo no mercado de capitais”, disse a responsável.