O Primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva, considerou, em Genebra, que os elevados níveis de pobreza, desigualdades e a falta de perspectivas de futuro para milhões de crianças e jovens são ameaças reais globais que potenciam a instabilidade, as migrações, o populismo e o extremismo.
Discursando esta semana na 111.ª Cimeira da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o chefe do governo cabo-verdiano afirmou que questões como o comércio internacional, a diversificação das economias, os riscos e as condições de financiamento ao desenvolvimento e do sector privado condicionam o ritmo e a qualidade de crescimento das economias, particularmente as menos desenvolvidas, argumentando que a economia condiciona os objectivos da justiça social.
“Questões como a estabilidade, a boa governança e a corrupção condicionam o ambiente de confiança e de empreendedorismo individual, social e económico dos cidadãos e das empresas. E a justiça social precisa de ambientes políticos, económicos e sociais favoráveis para se desenvolver”, sublinhou.
José Ulisses Correia e Silva defendeu que as respostas à estas questões exigem uma agenda mundial focada na Justiça Social, mas também um forte compromisso de cada país para actuar sobre as variáveis internas que condicionam a justiça social, como a estabilidade, boa governança, baixa corrupção e liberdade económica, políticas monetária, fiscal e de rendimentos e preços, de emprego, de segurança social e de protecção social, bem como de acesso à educação, à saúde e a bens básicos como a habitação com água, sanitários e electricidade.
De acordo ainda com o Primeiro-ministro de Cabo Verde, os vários milhões de pessoas no mundo que vivem em situação de pobreza, “abaixo da dignidade humana”, justificam uma maior centralidade da Justiça Social, a nível de cada país e a nível global.
“Partilhamos a abordagem da OIT quanto à necessidade de uma forte agenda mundial orientada para a Justiça Social”, referiu Ulisses Correia, indicando que o Governo de Cabo Verde criou várias políticas, nomeadamente de Igualdade e Equidade de Género e o Cadastro Social Único, para basear as políticas sociais de rendimento, de inclusão produtiva, de educação, de saúde, de cuidados e de habitação em regras e indicadores focalizados nas famílias mais pobres e indexados aos objectivos de redução da pobreza absoluta e da erradicação da pobreza extrema.
“É com estas políticas que pretendemos reduzir a pobreza absoluta e erradicar a pobreza extrema em 2026 e assim contribuir para uma maior justiça social”, garantiu o chefe do Governo de Cabo Verde.