Através da Procuradoria-Geral da República, o Estado angolano confiscou, o ano passado, os 18% de acções que a empresa Lev Leviev International (LLI) detinha na mineira Catoca, tornando-se assim o detentor da maior participação na sociedade, por meio da Endiama, agora com 59% de acções.
De acordo com a edição digital do jornal Financial Times, que cita um comunicado da PGR angolana, a gestão das acções recuperadas está agora sob a responsabilidade do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado, IGAPE.
A LLI Internacional é uma unidade da China Sonangol, empresa que se destacou como um dos investidores chineses mais bem relacionados em Angola, e a mais proeminente do grupo de empresas ligadas a Sam Pa, um magnata chinês acusado de corrupção e detido em 2015 em Pequim. A China Sonangol foi criada há quase 20 anos como uma joint venture entre a angolana Sonangol e uma empresa do grupo ligado ao empresário chinês.
Entretanto, contactados pela Financial Times, a China Sonangol negou que actualmente exista qualquer relação entre a empresa e Sam Pa, tendo se recusado a pronunciar-se mais sobre a matéria. “Este assunto está nos tribunais angolanos, não podemos comentar mais sobre isso”, alegaram.
Alex Vines, director do programa Áfricano da Chathan House, entende as acções do governo angolano como uma estratégia para tranquilizar os investidores que “o país está a limpar o sector” e demonstrar a vontade que existe em cortar a ligação que existe com a China Sonangol.
Investir fortemente na melhoria da sua imagem como produtor de diamantes é o que Angola tem feito, de acordo com o investigador de recursos naturais do Serviço internacional de Informação sobre a Paz, Hans Merket. O especialista afirma que os grandes players estão a ponderar regressar ao país. Mas a estratégia corre algum risco, uma vez que a empresa russa Alrosa, que sofreu sanções impostas pelos Estados Unidos da América no mês de Abril, por causa da guerra na Ucrânia, é uma das accionistas da Catoca, considera Merket.
A empresa mineira que gere a quarta maior mina do mundo, onde o estado angolano passou a ser o maior accionista, através da percentagem que detêm por via da Endiama, e agora com os 18% confiscados a LLI, garantiu que não foram atingidos pelas sanções, uma vez que a Alrosa não participa directamente na gestão da Catoca.
A Sociedade Mineira de Catoca detém a quarta maior mina do Mundo explorada a céu aberto e é a maior empresa no subsector diamantífero em Angola, sendo responsável pela extracção de mais de 75% dos diamantes angolanos.
Jaime Pedro