Uma acta da Associação Moçambicana de Economistas (AMECON), a que a FORBES teve acesso, expõe um conjunto de efeitos negativos da decisão do Banco de Moçambique que afastou o Standard Bank da actividade de câmbio, com destaque para o risco de corrida aos depósitos e perda de clientes.
Estes são apenas dois dos mais de dez impactos perversos listados pela AMECON, na sequência da penalização do Standard Bank, pelo Banco de Moçambique, com suspensão por um ano da actividade cambial de conversão de divisas, além de uma multa equivalente a 4,5 milhões de dólares, por alegada “infracções graves de natureza prudencial e cambial”.
Expressas numa acta saída de um webinar dos profissionais de economia daquele país, que analisou ao detalhe a posição do banco central moçambicano, as projeccções da AMECON apontam ainda para perda de eficiência das actividades do banco, já que, com o seu afastamento do mercado cambial, importante componente da actividade operacional das instituições bancárias, espera-se por uma redução da margem financeira do Standard Bank.
Aliás, os economistas alertam ainda que, devido ao nível de importância sistémica do Standard Bank Moçambique, qualquer acção de limitação das suas actividades tem impacto significativo no mercado como um todo.
Os “riscos reputacionais para a instituição no mercado, comprometendo a sua quota do mercado financeiro moçambicano; o custo de oportunidade da suspensão que, numa avaliação inicial, parece não ter sido cautelosamente avaliada, causando efeitos adversos que se alastram para além da instituição visada”, integram o conjunto de receios levantados pelos economistas moçambicanos, que também já colocaram em causa a imparcialidade do regulador na actuação contra o banco com origens na África do Sul.
“Sendo o Banco de Moçambique o maior accionista, através do Kuhanha, de um dos bancos comerciais da praça, questiona-se a imparcialidade do supervisor neste tipo de acção punitiva”, lê-se na acta da AMECON.
As projecções dos economistas moçambicanos assentam no facto de o Standard Bank ser o terceiro maior banco do mercado monetário, quer pelos volumes de transações, quer pela liquidez e rácio de solvabilidade, detentor da maior reserva em moeda estrangeira e do maior portfólio do segmento corporate com transacções em moeda externa, além de ser a instituição financeira mais exposta ao sector de Oil & Gas.
Aos potenciais efeitos perversos da medida, soma-se ainda a a possibilidade de o banco, durante o período em que a suspensão durar, incorrer a dificuldades no cumprimento das suas obrigações de natureza prudencial e financeira.
“O Standard Bank Moçambique é um banco de importância sistémica e, portanto, qualquer acção que limite a sua operação no circuito financeiro terá impactos na eficiência geral do sistema e em seus correlacionados”, receiam os economistas, que aventam ainda a possibilidade de, a médio prazo, os custos operacionais incorridos pelo banco comercial sejam passados para os seus clientes e para os outros bancos comerciais.