Os óculos, além de serem um elemento essencial para que muitos não tropecem pelo mundo fora, ajudam a criar estilo.
Marcam uma personalidade: armações discretas, exuberantes, clássicas, contemporâneas, artesanais e luxuosas. A Paulino Spectacles inscreve-se em todas estas linhas, garante o fundador, Ramiro Paulino, que criou uma marca que se quer exclusiva, dirigida a consumidores exigentes.
Para começar, recusa a massificação. São óculos feitos à mão, compostos por materiais criterosamente seleccionados e com um desenho resgatado das armações clássicas que Ramiro via o seu pai fazer com minúcia nos idos anos 1970, na óptica da família.
“Cheguei a fazer alguns, entre os 12 e os 19 anos”, diz à FORBES na loja de um dos seus primeiros vendedores, a Óptica do Sacramento, em Lisboa.
Às vezes desafiava mesmo o pai, a pessoa que lhe ensinou tudo, para comprovar os seus conhecimentos. “O que me dava mais prazer era consertar óculos partidos e mostrar-lhos para que descobrisse onde estava o problema original”, recorda. “Ficavam perfeitos.”
Hoje, não os conserta. Cria-os de raiz. Começou a sua vida profissional nos negócios da família, tendo gerido ópticas nos anos 1990 e 2000. Em 2012, no entanto, depois de visitar uma óptica em São Paulo, no Brasil, ficou fascinado.
A visita tinha sido totalmente casual, mas a boutique de alta-costura oculista marcou-o profundamente e ficou “obcecado” com a ideia de criar algo seu. Nesse ano resolveu apostar na criação de uma linha de armações.
O desenho é feito por Ramiro, inspirado nos óculos dos anos 1970 e 1980. Bem a calhar numa época que tanto valoriza a estética vintage.
Produção nacional
Os óculos da Paulino são produzidos numa fábrica de Gondomar, a Sociel, onde ainda se faz uma produção tradicional, com profissionais que cumprem todos os passos manualmente. Cada exemplar demora até três semanas a ser executado.
As variedades de óculos, entre modelos e cores diferentes, chegam às duas centenas. Todas têm nomes de familiares de Ramiro – os pais, filhos e irmãs – ou de terras portuguesas que o marcaram durante a sua vida, como Óbidos e
Nazaré, onde o pai o levava nos fins-de-semana da sua infância.
Já é um acervo significativo, que desperta interesse tanto em Portugal como no estrangeiro, em países como Espanha, Islândia, Brasil. Aliás, bem mais no estrangeiro do que por cá.
“O mercado português representa para nós 4%”, contabiliza. Apesar de o foco no mercado nacional ser pequeno, a portugalidade está lá. “Era extremamente importante para mim que fossem fabricados em Portugal”, admite.
Ver ao longe sem deixar de ver o que está perto.