As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Cabo Verde registaram, num espaço de 12 meses, uma queda de 18,6% pressionadas pelos efeitos negativos da pandemia que arrefeceu a actividade económica no arquipélago e por conta disso arrastou para baixo os activos externos do país, de acordo com números do Banco de Cabo Verde.
Assim, e de Outubro de 2020 a Outubro de 2021, o arquipélago só já contava de RIL com cerca de 520 milhões de euros, o que lhe garantia para cerca de seis meses das importações de bens e serviços.
Na prática, em Julho de 2020 esse ‘stock’ ascendia a pouco mais 670 milhões de euros e em Outubro do mesmo ano desceu para cerca de 636 milhões de euros. “O ‘stock’ das reservas internacionais líquidas do país fixou-se, em 31 de Outubro de 2021, nos 517,6 milhões de euros, 118,6 milhões de euros abaixo do valor registado no período homólogo”, refere o último relatório do BCV.
A pressionar a queda está, entre outros, a crise da pandemia que cortou o rendimento e dinâmica económica da maioria dos sectores de actividades no país. Destaque para o turismo, que responde por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Aliás, Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística devido à pandemia de Covid-19. Sem turismo, a entrada de divisas no país caiu fortemente, queda que não está a ser acompanhada na mesma proporção pelo volume gasto com as importações.
O banco central já admitiu anteriormente que os dados preliminares apontam para uma deterioração das contas externas, face aos efeitos económicos da pandemia de covid-19.
“O agravamento das contas externas estará a reflectir a deterioração da balança corrente, em função sobretudo, do aumento das importações de bens e serviços”, assumiu o BCV.
Também no primeiro trimestre de 2021, a balança corrente de Cabo Verde registou um défice de 6.674 60,7 milhões de euros, o que compara ao défice de 10,9 milhões de euros, pouco mais de 1.208 milhões de escudos, a moeda local, registado no primeiro trimestre de 2020, antes da crise provocada pela pandemia.
Esta evolução é explicada pelas reduções das receitas de viagens de turismo e de transportes aéreos na ordem dos 89 e 80%, respetivamente, bem como “das exportações de víveres e combustíveis nos portos e aeroportos internacionais em cerca de 40%”, aponta o BCV.
Cabo Verde registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido 7,2% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.