Os desafios da integridade e da conduta ética a nível corporativo foram acentuados pela crise pandémica que o mundo atravessa, segundo avança um estudo realizado pela consultora Ernest & Young e que ouviu 51 funcionários de distintas empresas. O documento, enviado em exclusivo à FORBES, revela que, a nível global, 90% destes considera que os efeitos da Covid-19 poderão aumentar os riscos de comportamentos antiéticos nas suas organizações.
Os inqueridos foram de trabalhadores de diferentes posições hierárquicas, nomeadamente membros de conselhos de administração, gestores e outros colaboradores juniores, que responderam de forma anónima questões sobre os desafios éticos enfrentados pelas suas organizações, no período que antecedeu a crise pandémica e também no auge da Covid-19 que o mundo, e Angola em particular, ainda atravessa.
O “Relatório de Integridade EY 2021” surge na sequência do anterior, o Global Fraud Survey, realizado em Março deste ano, e que analisou a integridade corporativa no mercado angolano.
Apesar de ser pequena a percentagem de colaboradores que assume a disponibilidade para agir de forma antiética para ganho pessoal, a pandemia agrava o risco de comportamentos irregulares. O documento indica que 61% dos inquiridos dizem não estar dispostos a agir de modo antiético para melhorar a sua progressão profissional ou pacote remuneratório.
No entanto, face à insegurança laboral resultante da pandemia, a consultora conclui que o risco de comportamentos antiéticos pode agravar-se. Por este facto, apela as organizações no sentido de reforçarem os seus sistemas de gestão de compliance anticorrupção.
Pedro Subtil, Forensic & Integrity Services leader da EY Portugal, Angola e Moçambique, considera que o país [Angola] tem vindo a registar progressos promovidos quer pelo sector publico, quer pelo sector privado. “Prova disso é a evolução positiva no que respeita ao combate à corrupção, onde identificamos, de forma concreta, uma melhoria desde o lançamento pela Procuradoria Geral da República do Plano Estratégico de Prevenção e Combate à Corrupção, para o período de 2018-2022”, aponta.
O relatório de Integridade 2021 concluiu ainda ser este um momento-chave para a integridade e conduta ética das organizações e destaca quatro acções críticas indispensáveis que estas devem adoptar, designadamente a avaliação da conduta pessoal, através de mecanismos de compliance; a implementação de canais de whistleblowing utilizados para reportar irregularidades de forma anónima; gestão e due diligence do risco e da integridade de terceiros e, finalmente, acautelar a integridade de dados.