Nos últimos anos, o mercado de produtos de consumo sofreu uma verdadeira reviravolta por conta dos novos hábitos dos millennials (jovens nascidos em meados de 1980 e meados da década de 2000, e também conhecidos como geração Y).
Estes consumidores querem comida embalada e produtos de beleza saudáveis e orgânicos, sem as toxinas e químicos que as gerações anteriores aceitavam de bom grado por falta de alternativa.
Os millennials estão dispostos a pagar mais por produtos saudáveis e deixaram de ser fiéis às grandes marcas. Estas dinâmicas criaram um novo nicho de mercado que acabou por surtir uma onda de aquisições de start-ups por parte das grandes empresas. Josh Goldin, Julian Steinberg e Trevor Nelson foram dos primeiros a antecipar esta mudança e a procurar uma forma de entrar no jogo.
Desde a criação da sua empresa, em 2011, a ACG já financiou 15 negócios, assumindo participações minoritárias entre os 5 milhões e os 25 milhões de euros em empresas que tinham tudo para crescer.
Até à data, seis das 15 empresas do portefólio da ACG foram vendidas a grandes firmas ou abriram o capital em Bolsa. Em 2015, por exemplo, a Hershey comprou a Krave por cerca de 220 milhões de euros, com a ACG a obter ganhos seis vezes acima da sua participação inicial – que era inferior a 10 milhões de euros. “Não é preciso inventar uma nova Uber para ser um empresário,” afirma Josh.
Novos negócios
Aos fins-de-semana, Josh, Julian e Trevor percorrem os corredores de lojas dos principais retalhistas, tirando dezenas de fotos de novos produtos e expositores de artigos diferentes com os seus telefones. “As nossas mulheres nunca vão connosco às compras,” afirma Julian.
Em seguida pegam no que viram e analisam os dados disponíveis sobre cada categoria de produto, entrando nessas redes à procura de investimentos viáveis. Uma das suas primeiras apostas foi numa posição de 7% na Shake Shack, a cadeia de hamburguerias fundada por Danny Meyer que, a 29 de Janeiro de 2015, entrou na Bolsa de Nova Iorque com um valor de mercado de cerca de 1,4 mil milhões de euros.
Esta relação com Danny acabaria por conduzir a um co-investimento na Tender Greens, um restaurante de comida rápida saudável com um grande culto à sua volta. Hoje, a Tender Greens serve refeições por 12 dólares se consumidas no local e conta já com 24 estabelecimentos.
Nos últimos cinco anos a ACG registou um recorde invejável ao investir em novas marcas de consumo que estão a reinventar toda uma série de categorias de produtos, numa indústria há muito dominada por grandes empresas como a General Mills, PepsiCo e Procter & Gamble.
Num esforço para manter a liderança no sector, a ACG criou agora uma incubadora ao estilo de Silicon Valley para as empresas que tem no seu portefólio. Nick Reader, co-fundador da PDQ, uma cadeia de restaurantes, afirma que a possibilidade de estabelecer bons contactos foi, na verdade, a razão principal para a PDQ aceitar de bom grado a proposta de investimento da ACG.
“A primeira coisa que fizeram foi abrir-me o seu portefólio de marcas. Desde então passei a ter reuniões com pessoas que muito admiro”, diz.