O Primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane, empossou nesta Segunda-feira, 19, a nova Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), braço empresarial do Estado nos negócios de petróleo e gás.
Chama-se Ludovina Bernardo e foi antes exonerada do cargo de vice-ministra da Indústria e Comércio, para depois ser nomeada para a nova função.
“Recomendamos a Senhora Ludovina Bernardo, que acabamos de empossar para o cargo de PCA da ENH, para que juntamente com a sua equipa de trabalho continuem a desenvolver acções que permitam que esta empresa pública consolide as suas ferramentas tecnológicas e institucionais, por forma a cimentar a sua robustez e competitividade no mercado nacional e internacional”, desafiou o Primeiro-ministro.
É ainda expectativa de Adriano Maleiane ver, nos próximos tempos, uma ENH a participar em toda a cadeia de valor de petróleo e gás natural, nomeadamente nos investimentos, na pesquisa, no desenvolvimento, na produção, comercialização e distribuição de recursos petrolíferos.
“Esperamos que a empossada garanta a utilização da quota de gás natural destinada ao mercado doméstico para fomentar o desenvolvimento industrial e assegurar a maximização da monetização do gás e condensado em Moçambique e na região”, sublinhou Adriano Maleiane.
Por sua vez, o economista Egas Daniel entende que a nova gestora de topo da ENH tem como desafios a transformação da empresa em um verdadeiro protagonista no sector de hidrocarbonetos em Moçambique. Segundo o especialista, a PCA terá que transformar a ENH de uma entidade essencialmente administrativa em uma força de operação e produção capaz de desempenhar um papel central no sector de hidrocarbonetos em Moçambique.
“Apesar de ser o braço comercial e operacional do Estado, a ENH ainda não conseguiu actuar de forma independente e impactante na exploração, processamento e exportação de hidrocarbonetos”, considera Egas Daniel.
O economista considera que, actualmente, a actuação da ENH está muito atrelada às empresas concessionárias, como a Eni, Total Energies e ExxonMobil, devido ao seu limitado poder financeiro, que reduz sua capacidade de participação em investimentos significativos e, consequentemente a sua influência na defesa dos interesses nacionais.
“Este cenário compromete a capacidade da ENH de maximizar a proporção das receitas para o país, seja por meio de dividendos ou pela retoma rápida de investimentos críticos, como o suspenso pela Total em 2021”, defende.
Refere ainda Egas Daniel que a nova PCA da ENH deve adoptar uma estratégia que fortaleça a independência operacional e financeira da ENH. “Isso inclui propor e testar novos modelos de negócios bem-sucedidos em outros países, saindo do actual papel de mera gestora das pequenas participações do Estado e avançando para uma empresa activa em todas as fases da cadeia de valor dos hidrocarbonetos”, rematou Egas.
*Rodrigo Oliveira