O solopreneur é um conceito relativamente recente que veio representar uma revolução na maneira como encaramos o trabalho e os negócios, trazendo profundas mudanças no mercado de trabalho e na cultura empresarial. De acordo com a Census Bureau, mais de 5 milhões de negócios foram criados por empreendedores independentes só no ano de 2023 e a tendência é ascendente.
Nos tempos que correm (especialmente na camada juvenil) existe cada vez mais a ânsia e procura pela originalidade, irreverência e marca própria. Antes de mais nada é preciso definir: um “solopreneur” é alguém que através do seu capital próprio inicia o seu negócio/projecto sem o suporte de um co-founder ou trabalhadores associados. Claro que pela descrição salta imediatamente à vista os aspectos menos positivos de um empreendedor que opere sozinho, como a limitação de recursos ou a imensa sobrecarga laboral, mas é importante reter que aquilo que estes diligentes mais procuram é a flexibilidade e autonomia de desenvolverem os seus ativos de acordo com os seus interesses. Outra das vantagens adjacentes e talvez uma das mais apelativas de acordo com vários sociólogos: as pessoas estão cada vez mais a procura de ganhar dinheiro fora dos moldes tradicionais que conhecemos.
Tendo várias ferramentas de comunicação e várias plataformas de gestão à disposição de qualquer indivíduo, é hoje possível efectuar projectos e serviços a partir de qualquer parte do mundo sem a necessidade de uma equipa extensiva.
Com o custo de vida cada vez mais alto e a economia global cada vez mais instável, é insustentável ter apenas uma forma de rendimento fixo. Existe uma necessidade crescente de nos reinventarmos e procurarmos alternativas e não é por acaso que há um maior nível de interesse pelo mercado acionista, com maior destaque para o crowdfunding e criptoativos (dinheiro digital).
O crescimento do solopreneurismo está amplamente ligado com a globalização e com o reflexo de uma sociedade em evolução onde o trabalho procura adaptar-se às necessidades individuais de cada um.
*Lígia Monteiro, analista de Política Internacional